O nível de endividamento do brasileiro voltou a subir. Pesquisa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) revelou que o total de famílias com débito passou de 58,9% em setembro para 59,2% em outubro. Resultado: mais pessoas vão usar o 13º salário para quitar as contas, como aponta outro estudo. Levantamento da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade(Anefac) apurou que 61% dos trabalhadores vão aproveitar o contracheque extra para pagar as dívidas – esse índice havia sido de 57% em 2010 e de 60% em 2011.
A boa notícia é que o aumento do endividamento não vai impedir que o varejo de Belo Horizonte e o do país registre crescimento nas vendas de fim de ano, segundo economistas. Isso porque o uso do 13º salário para quitar as dívidas vai permitir a concessão de crédito aos consumidores. Dessa forma, enquanto a CNC aguarda aumento de 7,3% nas vendas nacionais; a Associação Comercial e Empresarial de Minas Gerais (ACMinas) estima alta em torno de 8%.
“O pior já passou”, garantiu a economista Marianne Hanson, da CNC, ao lembrar que o nível de endividamento, embora tenha aumentado entre setembro e este mês, caiu no confronto com outubro de 2011 (61,2%). Ela acrescentou que o percentual de famílias com dívidas ou contas em atraso seguiu trajetória semelhante: avançou entre setembro e este mês (de 19,1% para 20,5%), mas registrou queda no confronto com outubro do ano passado (21,3%).
“Entre as famílias com contas ou dívidas em atraso, o tempo médio de atraso foi de 59,3 dias em outubro de 2012 – inferior aos 62,2 dias de outubro de 2011”, disse Marianne, para quem o nível de endividamento deve cair nos próximos meses. A presidente do Conselho de Comércio e Serviços da ACMinas, Cláudia Volpini, recorda que outubro é sinônimo de campanhas voltadas para a regularização de débitos – um dos destaques da campanha é o uso consciente do cartão de crédito, uma vez que essa modalidade lidera o ranking da inadimplência.
“Vale lembrar que o desemprego na capital mineira está em nível baixo, o que ajuda na redução do endividamento”, acrescentou Cláudia. Em BH, a taxa de desemprego caiu para 4,3% em agosto, segundo o último dado do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Já a média brasileira foi de 5,3%. A redução no desemprego na capital mineira, acrescenta o economista Fernando Sasso, da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL-BH), reforça a estimativa de aumento nas vendas no Natal. “Haverá a restituição do Imposto de Renda (IR) e a ‘entrada’ de datas-base (de algumas categorias), além, claro, do 13º terceiro salário”.
VALOR DAS COMPRAS Mas, se de um lado o 13º promete reduzir o nível de endividamento e abrir a porteira para o crédito, o tíquete médio das compras neste fim de ano será menor do que o de 2011. A conclusão consta da pesquisa da Anefac. O número de consumidores que vão gastar um tíquete médio acima de R$ 500 caiu de 28%, no Natal passado, para 24% no deste ano. Em sentido contrário, a quantidade de clientes que vão desembolsar até R$ 500% subiu de 72% para 76% na mesma base de comparação.
“As maiores elevações (8,33%) de 2011 para 2012 se deram entre os consumidores que pretendem desembolsar de R$ 100 a R$ 200, seguindo-se daqueles que desejam desembolsar de R$ 200 a R$ 500 (aumento de 5,41%). Já a maior redução (-33,33%) ocorreu entre os consumidores que planejam gastar de R$ 2 mil a R$ 5 mil”, explicou Miguel Ribeiro de Oliveira, coordenador da pesquisa da Anefac.