O elevado endividamento das famílias ampliou ainda mais o uso do 13.º salário para pagamento de dívidas neste ano e reduziu o potencial de consumo. Neste ano, há menos consumidores que pretendem gastar mais nas compras de Natal, ao mesmo tempo que cresce o número daqueles dispostos a desembolsar cifras menores na compra de presentes, segundo pesquisa da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac).
“Isso não quer dizer que não vai ser um Natal bom. Mas as famílias estão mais cautelosas nos gastos, em razão do aumento da inflação e do maior comprometimento da renda”, afirma o vice-presidente de Anefac, Miguel Ribeiro de Oliveira.
De acordo com a enquete, que consultou cerca de 700 pessoas na cidade de São Paulo nas últimas semanas, 61% delas informaram que vão usar esse salário extra para quitar dívidas já contraídas. No ano passado, essa fatia foi ligeiramente menor e atingiu 60%. E, nos últimos tempos, esse tem sido o principal destino dado ao 13.º salário.
A pesquisa mostra que, coincidentemente, esse acréscimo de 1 ponto porcentual no número de entrevistados que planejam quitar dívidas com o 13.º salário foi compensado por uma redução na mesma proporção na quantidade de pessoas que pretendem usar parte desse dinheiro para comprar presente. Neste ano, 16% dos entrevistados informaram que vão gastar parte dos recursos com compras e, no ano passado, essa fatia era de 17%.
Além de reduzir a parcela do dinheiro destinado ao consumo, quem pretende ir às compras está disposto a gastar menos. Neste ano, 24% pretendem gastar mais de R$ 500 com presentes, 4 pontos porcentuais a menos em relação ao Natal de 2011. Em contrapartida, cresceu de 72% para 76% a fatia daqueles que planejam gastos mais modestos de até R$ 500.
A maior cautela do consumidor na hora de ir às compras pode reduzir o potencial do Natal e a capacidade de impulsionar o ritmo de atividade da economia no primeiro trimestre de 2013 com a reposição dos estoques, observa Ribeiro de Oliveira. As vedetes do consumo neste ano são praticamente as mesmas do ano passado: eletroeletrônicos, com 75% das intenções de compra, celulares (74%) e roupas (68%).
Uma novidade é que, a cada ano, os brinquedos estão perdendo participação na lista de compras dos adultos. Em 2010, 68% dos entrevistados informaram que comprariam brinquedos. Esse índice recuou para 65% no ano passado e para 54% agora. Ribeiro de Oliveira destaca que a mudança reflete as alterações no perfil das criança, cada dia mais interessadas em celulares e eletrônicos.
Dívidas
Dívidas no cheque especial e no cartão de crédito, as duas linhas de crédito que cobram juros mais elevados em relação às demais, são aquelas que serão preferencialmente quitadas com o uso do 13.º salário, de acordo com a pesquisa.
Como vem ocorrendo nos últimos anos, mais de 70% dos entrevistados têm dívidas contraídas no cheque especial e no cartão de crédito e pretendem usar os recursos extras para regularizar essas pendências. Nessas duas linhas houve acréscimo do ano passado para este no índice de consumidores interessados em pagar o que devem. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.