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Estado de Minas

Hobbies atuam como fontes de energia

Executivos e empresários buscam na música, na dança e nos esportes inspiração para o trabalho e alívio para a rotina


postado em 28/10/2012 06:00 / atualizado em 28/10/2012 07:18

São 23h de uma segunda-feira. Grávida de seis meses do segundo filho, a presidente da Escola Superior de Justiça e diretora-presidente do Instituto de Educação Superior Latino-americana, Sara Bernardes, senta-se ao piano e toca, durante 40 minutos, músicas sacras e canções populares. O som é apreciado pelo filho, Matheus, de 10 anos, que também é fã de música. A atividade vem depois de uma jornada de 10 horas de trabalho fora de casa e diversas tarefas domésticas, como ajuda na educação do filho. “É a forma que encontro de extravasar as tensões da vida executiva. Eu lido diariamente com diversas culturas. Temos que estabelecer filtros emocionais para gerir o empreendimento. Com a música, fico renovada para enfrentar novos desafios e ganho um equilíbrio interior”, afirma Sara, que também busca o descanso no cultivo de plantas.

Já o equilíbrio do chef de cozinha Wanderson Costa, proprietário do restaurante italiano Saatore, vem do salto de paraglider, nos fins de semana. O proprietário das franquias de móveis planejados Dell Anno, Roberto Muzzi, busca descarregar a adrenalina na corrida de kart. A diretora-executiva do grupo Cotemig, Moema Belo, testa a paciência com o plastimodelismo (miniaturas de motocicletas). A diretora de Recursos Humanos e Comunicação da Forno de Minas, Hélida Mendonça, dança diariamente para recarregar as baterias. Mesmo com a atribulada agenda na gestão das empresas, os executivos buscam brechas nos seus horários para colocar os hobbies em prática. “Eu não passo um dia sem cantar”, diz Sara. O resultado, garantem eles, é o aumento de produtividade no trabalho, melhor relacionamento com os funcionários e mais qualidade de vida.

Os conflitos internos e políticos nas empresas (26%), a pressão para alcançar metas de desempenho (25%) e o grande volume de informação são as principais causas de estresse entre os executivos, segundo pesquisa da empresa de auditoria e consultoria Grant Thornton International. O estudo foi feito com 6 mil empresas em 40 países. “O crescimento da economia brasileira, acima da média global nos últimos cinco anos, leva as empresas a cobrar mais dos executivos para aproveitar o crescimento”, observa Antoniel Silva, diretor de Gestão e Pessoas da Grant Thornton.

Hobbies e prática de esportes, na avaliação de Silva, ajudam na diminuição do estresse em todos os sentidos. “Quando a pessoa tira um momento para suas atividades, o sangue circula melhor, as ideias fluem e ela começa a ver oportunidades que, no dia a dia, não enxerga”, observa Silva. Ele ressalta ainda a importância das férias para a criatividade dos profissionais. “É o momento em que a pessoa recarrega as energias e passa a produzir melhor”, diz. A pesquisa da Thornton aponta que a relação entre o volume de folgas e o nível de estresse é direta. Os países onde os empresários tiveram menos feriados no ano, como o Japão (cinco dias), China (sete dias) e Tailândia (oito dias), têm empresários mais estressados.

Do kart ao paraglider

A confraternização dos funcionários da franquia de móveis planejados Dell Anno deve ser diferente neste ano. O dono da empresa, Roberto Muzzi, pretende levar o grupo de 23 trabalhadores para uma corrida de kart de 20 minutos. “Eles me escutam falar tanto dos benefícios que começaram a ter curiosidade”, afirma Muzzi, que é adepto da atividade há dois anos. O esporte, na avaliação do empresário, foi a forma encontrada para descarregar a adrenalina e o estresse. “Fiquei mais produtivo no trabalho, com mais tranquilidade e serenidade para lidar com as situações”, afirma Muzzi.

As peças minúsculas do plastimodelismo muitas vezes precisam ser manipuladas com pinças por Moema Belo, diretora-executiva do grupo Cotemig. Mas a paciência exigida pelo hobby ajuda Moema a relaxar e administrar a empresa com 120 funcionários. A rotina é puxada: algumas vezes chega a trabalhar 14 horas por dia. “É preciso ficar ligado no resultado e há muitos assuntos para resolver ao mesmo tempo. Tem dia em que falta tempo para ir ao banheiro”, afirma. Ela demora cerca de um mês para montar cada miniatura. “É o momento em que eu me distraio. Me ajuda a descansar a cabeça para o dia seguinte”, diz. A coleção conta com 26 unidades. Moema incentiva a prática de hobbies entre os funcionários. “A pessoa que tem o trabalho como a coisa mais importante do mundo fica chata, sem criatividade”, avalia.

A busca do equilíbrio é um dos desafios do mundo moderno, avalia Hegel Botinha, diretor do grupo Selpe, consultoria de Recursos Humanos focada em recrutamento e seleção. “O ser humano está na capacidade máxima produtiva, mas precisa tentar encontrar o equilíbrio. E muitas vezes ele acontece por meio do hobby”, diz Botinha. É preciso, no entanto, estar atento à escolha da atividade. “Já aconteceu de um executivo perder a vaga em uma empresa de seguro porque praticava esporte radical.”

O hobby do chef de cozinha Wanderson Costa não é visto com bons olhos pela mulher. Mesmo assim ele não consegue abandonar a adrenalina e sensação de liberdade dos saltos de paraglider nos fins de semana. “Devo sentir a mesma coisa que um passarinho. É uma sensação grande de liberdade”, afirma. Desde que começou a voar de paraglider, há três anos, Costa passou a trabalhar menos nos fins de semana, mas sem prejudicar os resultados da empresa. “Acho que produzimos mais quando temos um tempo reservado para a gente”, diz.

Ritmo

Dançar zumba e aerodance diariamente funciona como terapia para a diretora de Recursos Humanos e Comunicação da Forno de Minas, Hélida Mendonça. “É um tempo em que estou cuidando de mim e melhora a minha condição física, já que tive meu último filho com 44 anos. Para você cuidar das pessoas e ter uma boa produtividade, precisa estar bem consigo mesma”, diz. Hélida tenta incentivar a prática de esportes e hobbies entre seus funcionários. “A pessoa que se sente bem tem mais chance de ter uma vida feliz”, avalia. (GC)


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