A inflação medida pelo Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) pode mostrar alívio dos alimentos em 2013, porém, "as taxas dos itens de serviços devem exercer pressão de alta no indicador por causa da expectativa de retomada da economia", avalia o coordenador de análises econômicas do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getulio Vargas (FGV), Salomão Quadros. Para ele, ao mesmo tempo em que está programada desoneração dos custos da energia elétrica, em 2013 deve haver reajustes na tarifa de transporte público, pressão por aumento dos combustíveis e o fim do benefício do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) menor para eletrodomésticos, móveis e veículos.
Segundo o economista, a inflação volta a preocupar para o ano que vem. O fim do IPI reduzido, afirma, deve representar uma pressão de alta equivalente à metade da influência do corte da tarifa de energia elétrica. "E ainda teremos reajuste da passagem de ônibus, que sempre acontece após o ano eleitoral, e pressão por um aumento de combustíveis", diz Quadros. "Nessa conta acho que o saldo será de alta", completa.
Para novembro, a dúvida é se a desaceleração do IGP-M, que estava em 0,97% em setembro, se manterá até o fim do mês, mas Quadros, contudo, não descarta a possibilidade, embora menor, de o IGP-M passar para o sinal negativo, após atingir leve alta de 0,02% em outubro. "Estamos no auge desse processo de desaceleração no IGP-M, mas pode ser que ainda tenha alguma queda."
O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que passou de 1,25% em setembro para -0,20% em outubro, mostra alívio das commodities que pressionaram o indicador nas leituras anteriores. Esse efeito, afirma Quadros, já começa a chegar no Índice de Preços ao Consumidor (IPC), levando os dois componentes do IGP-M à tendência de queda. "O IPC vai começar uma tendência de queda após desaceleração na agricultura e no IPA", explica.
O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), por sua vez, não deve influenciar o IGP-M até o final do ano, porque as principais datas-base de reajuste salarial da mão de obra do setor ficaram para trás. Em novembro, o índice deve captar as negociações dos trabalhadores do Recife. "A taxa da mão de obra deve ficar acima de zero, mas não haverá grande oscilação porque Recife tem o menor peso entre as capitais pesquisadas no INCC."