A Grécia concluiu nesta terça-feira difíceis negociações com seus credores internacionais (UE, FMI e BCE) sobre novas medidas de austeridade necessárias para liberar novas parcelas de empréstimo, informou o primeiro-ministro Antonis Samaras. "Hoje concluímos a negociação sobre as medidas e o orçamento", afirmou Samaras.
"Fizemos tudo o que poderíamos e conseguimos avanços importantes no último momento. Se o acordo for aprovado e o orçamento votado, a Grécia permanecerá na zona do euro e sairá da crise", disse Samaras.
Samaras alertou que o país ficaria sem dinheiro no próximo mês a menos que pudessem garantir uma parcela do empréstimo de 31,2 bilhões de euros do pacote de assistência financeira da UE e do FMI, que depende do progresso das reformas. "Se o acordo não for aprovado, o país caminhará para o caos", disse ele.
O primeiro-ministro tem tentado convencer seus aliados socialistas e esquerdistas moderados a contribuir para a aprovação das medidas no parlamento no dia 12 de novembro, quando os ministros das Finanças da zona do euro devem decidir vão liberar os empréstimos.
O partido Esquerda Democrática, que apoia a coalizão, continua se opondo a uma ampliação das reformas trabalhistas que acredita que vão além da garantia anterior dada pela Grécia de cortes de 13,5 bilhões de euros nos próximos dois anos.
Os esquerdistas acreditam que as medidas são contra-produtivas e forçarão o estado a pagar mais em benefícios aos desempregados em um país com mais 25% de taxa de desemprego. "(O partido) lutou pelas relações trabalhistas para proteger os já frágeis direitos trabalhistas", disse o partido em uma declaração.
"Não concordamos com a forma como as negociações acabaram. O partido mantém sua posição", disse. O orçamento 2013 será apresentado no parlamento na quarta-feira e também será realizada uma votação sobre a primeira parte das medidas de austeridade envolvendo privatizações, disse uma fonte do parlamento à AFP.
O governo tem votos suficientes no parlamento para aprovar um pacote global mesmo se os esquerdistas se recusaram a dar seu apoio. Vários legisladores socialistas ameaçaram se opor ao projeto de privatização, mas o líder do partido, Evangelos Venizelos, prometeu apoiar Samaras.
"O partido socialista funcionará como um fiador da estabilidade e da estratégia do país", disse Venizelos na terça-feira. "Precisamos seguir com consistência uma estratégia para finalmente tirar o país da crise", disse Venizelos.
Hannes Swoboda, chefe dos socialistas e social-democratas no parlamento europeu, também pediu a Atenas para aprovar as medidas o quanto antes. "Se o governo cair, será um desastre," disse Swoboda após dois dias de negociações com autoridades gregas.
"Se não houver outro meio para convencer a 'troika' agora, aconselho a aceitar o pacote" e elaborar uma estratégia clara ou um plano de discutir as relações trabalhistas nos próximos meses com especialistas, disse ele.