A produção de bens de capital voltou a registrar uma queda de dois dígitos no terceiro trimestre deste ano, na comparação com o mesmo período do ano anterior. As perdas foram de 12,2% no trimestre passado, após quedas de 11,7% no segundo trimestre e de 13,3% nos três primeiros meses de 2012. O resultado aponta para uma redução nos investimentos, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta quinta-feira.
"Toda a parte de bens de capital está mostrando perdas importantes. Isso sinaliza menores investimentos", avaliou André Macedo, gerente da Coordenação de Indústria do IBGE. "É um setor importante, porque ele dá uma qualidade aos resultados (da indústria). Ele se reflete em investimentos, em modernização de parque produtivo. E quando a gente cruza o resultado com a capacidade ociosa em patamares altos, isso dá a dimensão da razão (da atividade) de máquinas e equipamentos estar nesse patamar", acrescentou.
A atividade de máquinas e equipamentos recuou 4,8% na passagem de agosto para setembro, configurando o maior impacto negativo sobre o total da indústria. "Muito dessa queda não é explicada somente pela parte de investimentos. Tem uma parte de eletrodomésticos da linha branca e micro-ondas que está pressionando esse setor. Essa queda não foi tão exclusivamente na produção de bens de capital, tem uma parcela desse recuo em bens de consumo duráveis, que também contribui negativamente", explicou o gerente do IBGE.
Na comparação com setembro de 2011, o recuo na atividade de máquinas e equipamentos foi de 11,2%, outra vez impactado também por eletrodomésticos. No entanto, a produção de bens de capital também registrou queda nas duas comparações, mostrando que houve contribuição também dos investimentos nessa redução: as perdas foram de 0,6% ante agosto e de 14,1% em relação a setembro do ano passado.
No terceiro trimestre, os bens de capital para a indústria registraram um recuo de 7,7% em relação a igual período de 2011. "Esta parte estaria mais direcionada à ampliação e modernização de parque produtivo, e também está com comportamento negativo", lembrou Macedo.
Também recuaram, no período, os bens de capital para agricultura (-1,6%), transporte (-11,0%), energia (-6,9%), construção (-31 6%) e uso misto (-11,5%). "Todo e qualquer tipo de investimento tem de estar relacionado com a expectativa que o empresário tem para a demanda", justificou Macedo, acrescentando que a confiança do empresário vem melhorando, mas ainda está em patamar abaixo do verificado no ano passado.