Surpreenderam negativamente a Confederação Nacional da Indústria os resultados de setembro, divulgados mais cedo nesta quarta-feira pela própria CNI. Na comparação com setembro de 2011, o faturamento real do setor caiu 0,5%, o número de horas trabalhadas recuou 3,8%, o emprego teve queda de 0,6% e a massa salarial real apresentou variação negativa de 0,1%.
"O crescimento de agosto não se repetiu em setembro. E esperávamos uma recuperação,", disse o economista da CNI Marcelo de Ávila. O gerente executivo de pesquisa da confederação, Renato da Fonseca, endossou: "Havia expectativa de crescimento em setembro".
Fonseca destacou o indicador que mede as horas trabalhadas na produção, com queda de 3,8% em setembro em relação a um ano atrás, como um reflexo da situação da indústria. Se mantidos os resultados acumulados no ano, até setembro, com estagnação no último trimestre (zero de variação em outubro, novembro e dezembro), o indicador de horas trabalhadas na produção cairia 1 4%, pelo "efeito carregamento". Ou seja, seria necessário um forte crescimento no indicador neste último trimestre para que, o porcentual relativo a horas trabalhadas não feche 2012 negativo.
Diante do resultado ruim em setembro, a CNI considera reavaliar - para baixo - suas projeções de crescimento para este ano. Por enquanto, a confederação aponta uma alta do Produto Interno Bruto (PIB) de 1,5% este ano, com 1,9% para a indústria da transformação. Se os números do PIB do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) do terceiro trimestre forem fracos, a CNI deve revisar suas estimativas, admitiu Fonseca.
Apesar da frustração com os novos dados, o executivo citou estabilidade do nível de utilização da capacidade instalada como um bom sinal. Ele comentou ainda que a atividade industrial tem enfrentado dificuldades para entrar em uma tendência nítida de crescimento "sem soluços". Quanto ao faturamento disse que "há um crescimento, não de forma continuada, com clara tendência de recuperação".
Reeleição de Obama
Os economistas da CNI consideram que ainda é cedo para avaliar se a reeleição do presidente Barack Obama gerará efeitos positivos para a economia brasileira. Fonseca lembra que há vários entraves políticos entre democratas e republicanos para negociações de medidas que poderiam acelerar a retomada da economia norte-americana, gerando reflexos no Brasil. "Neste momento, temos de nos virar com a demanda doméstica e obter ganho de competitividade", defendeu Fonseca.