Uma quadrilha acusada de fraudar a concessão do seguro-desemprego em pelo menos quatro estados foi desmantelada ontem pela Polícia Federal em parceria com o Ministério do Trabalho e Emprego. Os suspeitos teriam causado rombo superior a R$ 30 milhões aos cofres públicos com o pagamento do benefício a funcionários fantasmas supostamente demitidos de empresas falsas. No Triângulo Mineiro, onde quatro pessoas foram presas em flagrante, estava instalado o escritório da quadrilha responsável por arquitetar as fraudes.
O primeiro passo era a criação de documentos falsos (carteira de identidade e de trabalho, Cartão Cidadão e outros). De porte de maquinário especial, a quadrilha “criava” pessoas. Na sequência, eram criadas empresas com a documentação fraudada, que contratava outros fantasmas. Transcorrido certo tempo da contratação, o “trabalhador” era demitido e era requerido o pagamento de seguro-desemprego. O valor era resgatado pela quadrilha em posse dos documentos falsos.
A investigação teve início em outubro do ano passado, depois de técnicos do Ministério do Trabalho terem alertado a PF sobre a possibilidade de fraude ao ser detectado que um certo beneficiário não existia. Com o aprofundamento das apurações, a Polícia Federal verificou que uma quadrilha executava as fraudes em larga escala. Quase 300 empresas foram identificadas em São Paulo, Goiás, Tocantins e Minas, o que possibilitou ter uma dimensão do rombo aos cofres públicos, mas não é descartado que o prejuízo seja maior. Além dos R$ 30 milhões já confirmados, R$ 7 milhões deixaram de ser pagos devido ao compartilhamento de informações entre o ministério e a PF para aperfeiçoar os sistemas de controle.
Prisões
Depois de ter se municiado de informações que confirmam as denúncias, ontem a PF deflagrou a Operação Chakal, cumprindo dois mandados de prisão e 15 de busca e apreensão. Em Uberlândia, onde estava localizado o corpo operacional da quadrilha, os policiais estiveram em dois apartamentos e prenderam quatro pessoas. Apesar de terem sido expedidos apenas dois mandados de prisão, segundo o delegado Emerson Aquino, duas mulheres encontradas nos locais também foram detidas em flagrante.
No local, ainda foram encontrados dois sacos com mais de 300 carteiras de trabalho, 1 caixa com mais de 500 cópias do Cartão Cidadão e duas caixas com carimbos. Os presos devem responder pelos crimes de uso e falsificação de documentos públicos e particulares, falsidade ideológica, formação de quadrilha e estelionato. As penas, somadas, podem ultrapassar 20 anos de prisão.
Na terça-feira, em outra operação, a Polícia Federal desarticulou um esquema parecido para fraudar a Previdência Social. Seis empresários, com o apoio de uma servidora do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), agiam em conjunto para falsificar documentos, criar empresas falsas e, com isso, facilitar o recebimento de pensão previdenciária por morte. O rombo pode superar R$ 8,5 milhões.