Maior banco da América Latina, o Banco do Brasil viu seu lucro encolher 10,5% no acumulado dos primeiros nove meses deste ano. De acordo com balanço publicado ontem, o lucro da instituição no período foi de R$ 8,24 bilhões, contra R$ 9,21 bilhões de janeiro a setembro de 2011. Só no terceiro trimestre, o lucro do BB foi de R$ 2,72 bilhões, queda de 5,6% em relação aos R$ 2,89 bilhões do mesmo período do ano passado. Assim como os três principais bancos privados do país – Bradesco, Itaú Unibanco e Santander –, o estatal foi afetado pela queda da taxa básica de juros (Selic), que reduz a margem financeira das operações, além do aumento das despesas com provisões, que pesaram muito nos resultados.
Uma compilação da Austin Rating mostra que, somadas, essas despesas com os pagamentos em atraso aumentaram 26,37% nos quatro bancos em setembro deste ano contra o mesmo mês do ano passado, saindo de R$ 37,13 bilhões para R$ 46,92 bilhões. No Banco do Brasil, as provisões cresceram 20,4%, de R$ 8,76 bilhões dos nove meses de 2011 para R$ 10,55 bilhões de 2012. Simultaneamente a isso, os índices de inadimplência acima de 90 dias continuam em ascensão, embora em velocidade bem mais lenta. Até agora, apenas Bradesco e Itaú registraram retração nos calotes, e de 0,1% e 0,2%, respectivamente. A inadimplência do BB subiu 0,02%, de 2,15% em junho para 2,17% em setembro. “As provisões impactaram os resultados, sim, sobretudo no Santander e, depois, no Itaú. Mas é importante ter provisão. Provisão não é perda, é apenas uma estimativa do não recebimento. É preciso acompanhar esses números ao longo do tempo. Se consecutivamente as provisões crescerem muito, aí sim pode preocupar”, ponderou Luis Miguel Santacreu, analista da Austin Rating.
O lucro líquido do BB, Bradesco, Itaú e Santander, somados, caiu 7,42% de setembro de 2011 para o mesmo mês deste ano – de R$ 31,14 bilhões para R$ 28,83 bilhões, ainda segundo o levantamento da Austin. A concessão de empréstimos nos quatro bancos, no entanto, aumentou 12,27% do terceiro trimestre do ano passado para este ano, de R$ 1,18 trilhão para R$ 1,33 trilhão. Só no BB, a carteira atingiu R$ 532,3 bilhões, aumento de 20,5% em 12 meses. “A queda do nosso lucro foi muito pequena. A comparação da Selic de hoje com a de um ano atrás já explica a maior parte dessa queda. Também houve a pressão da redução dos spreads, que era natural. Mas os volumes compensarão. Ter uma grande carteira de crédito é a nossa aposta”, justificou Ivan Souza Monteiro, vice-presidente de gestão financeira e de Relações com Investidores do Banco do Brasil. Ontem, a ação do BB encerrou o pregão em queda de 4,49%, a R$ 21,44.
PREJUÍZO NA MMX A MMX, empresa de mineração do empresário Eike Batista, fechou o terceiro trimestre com um prejuízo de R$ 100,1 milhões, queda de 58,8% frente ao mesmo período do ano passado. Segundo balanço, a geração de caixa medida pelo Ebitda (lucro antes de impostos, depreciações e amortizações) somou R$ 44 milhões de julho a setembro. O volume é 12% inferior ao do terceiro trimestre do ano passado, mas 216% acima da apurado no trimestre anterior.