A Europa não permitirá, "nem de forma acidental, nem de forma premeditada", que a Grécia declare calote, afirmou nesta sexta-feira uma fonte europeia próxima às negociações, uma semana antes de o país enfrentar um importante vencimento de sua dívida.
De acordo com a mesma fonte, no entanto, "não deve haver acordo durante a reunião do Eurogrupo de segunda-feira com a Grécia para o desbloqueio de 31,2 bilhões de euros" - um lote de ajuda acordado pela União Europeia (UE) e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), pendentes desde junho, disse o funcionário, que pediu anonimato.
Após a aprovação na última quarta-feira de 18,1 bilhões de euros em ajustes até 2016 e ante a provável ratificação neste domingo do orçamento estatal para 2013, a Grécia acreditava que iria receber o dinheiro de imediato. Contudo, UE e FMI acharam os ajustes insuficientes.
O primeiro-ministro grego, Antonis Samaras, disse em várias ocasiões que seu país precisaria dos fundos antes de 16 de novembro, data na qual enfrenta um vencimento de dívida de curto prazo de 4,1 bilhões de euros com o Banco Central Europeu (BCE).
Contudo, de último momento e devido à demora de seus sócios em tomar uma decisão, a Grécia anunciou que emitirá novas letras, com vencimento de um a três meses. Um bom resultado das emissões poderá salvar o país de um default iminente, caso não obtenha a ajuda de seus sócios a tempo.
De acordo com a mesma fonte, discute-se nesse momento a "sustentabilidade da dívida grega" e por isso as negociações estão paralisadas.
"O relatório da troika de credores institucionais (FMI, BCE e UE) sobre a sustentabilidade da dívida ainda não está pronto", afirmou. "Uma vez que haja um acordo de que houve evolução da relação dívida/PIB de modo a torná-la sustentável, poderemos dizer que estamos prontos para desembolsar a ajuda", completou.
Com isso, deve haver uma segunda rodada de negociações depois de 12 de novembro, afirmou a fonte, mas sem precisar uma data. De qualquer fora, ele afirmou que os ministros europeus têm completa noção das datas dos vencimentos dos títulos da Grécia.
O FMI espera que a Grécia tenha condições de reduzir sua dívida a 120% de seu PIB em 2020.
Apesar do arsenal de medidas que buscava oficialmente sanear as contas da Grécia, a CE publicou na quarta-feira previsões preocupantes sobre a evolução da dívida pública de Atenas.
Segundo os prognósticos, esta chegará a 188,4% do PIB em 2013, e em 2014 a 188,9%, com o qual o objetivo do FMI de reduzi-la a 120% em 2020 se tornaria praticamente um sonho.
O porta-voz comunitário, Simon O'Connor, disse esperar que a "troika" formada por CE, BCE e FMI conclua seus trabalhos "nos próximos dias".
Contudo, o membro mais poderoso do fórum de ministros de Finanças da Eurozona, o alemão Wolfgang Schauble, disse nesta quinta-feira que não espera um acordo sobre uma nova ajuda internacional à Grécia antes de várias semanas. "Mas os gregos querem seguir na Europa", afirmou Schauble durante uma conferência em Hamburgo (norte da Alemanha).