Diretores de Starbucks, Amazon e Google explicaram nesta segunda-feira por que as grandes multinacionais americanas pagam poucos impostos no Reino Unido, diante de deputados visivelmente pouco convencidos de suas explicações. "Não praticamos evasão fiscal", afirmou Troy Alstead, diretor financeiro da Starbucks, rede de cafeterias americana muito difundida no país, ante a comissão de finanças públicas do Parlamento.
"Não ganhamos dinheiro no Reino Unido", acrescentou para explicar por que seu grupo não paga impostos sobre os lucros. Em 15 anos de presença, a Starbucks teve lucro apenas em 2006. O grupo disse que isso se deve à concorrência e aos preços dos bens imóveis. "Perdem dinheiro e, contudo, continuam investindo (...) Isso não parece verdade e é o que frustra o contribuinte britânico", reagiu a presidente da comissão, Margaret Hodge.
A imprensa multiplicou nas últimas semanas as revelações sobre os grandes grupos estrangeiros que pagam pouco ou nenhum imposto sobre os lucros, graças a artimanhas contábeis como o pagamento de 'royalties' pelo uso da marca ou a transferência de receitas para uma jurisdição mais favorável, apesar dos milhões de libras faturados no país.
A Starbucks, por exemplo, paga royalties na sede regional da empresa em Amsterdã, o que permite lucrar com uma taxa de impostos muito favorável na Holanda. Andrew Cecil, diretor de comunicações da gigante do comércio eletrônico Amazon, também explicou que as operações europeias do grupo estavam em Luxemburgo, o que permitia pagar poucos impostos ao Tesouro britânico.
Encomendando um livro no Reino Unido, "você está comprando uma empresa estabelecida em Luxemburgo", explicou. Contudo, suas declarações evasivas e sua falta de resposta clara sobre a estruturação da empresa acabaram exasperando os deputados. "É inadmissível!", disse a presidente.
Quanto ao Google, o site de busca, estabeleceu suas operações europeias na Irlanda e tem uma sede em Bermudas. "Temos nas Bermudas uma entidade que dispõe de nossos direitos de propriedade intelectual fora dos Estados Unidos", explicou Matt Brittin, dirigente do Google no Norte da Europa.
A otimização fiscal praticada pelos grandes grupos para reduzir seus impostos, com frequência, não é ilegal, mas provoca a raiva dos britânicos enfrentando um duro plano de ajuste. "Não os acusamos de atuar ilegalmente, mas sim de atuar de maneira imoral", declarou Hodge, quando o descontento no país cresce.