A antecipação de compras de bens duráveis e o aumento no nível de endividamento das famílias levaram a um ritmo mais moderado nas vendas do varejo em setembro, segundo Aleciana Gusmão, técnica da Coordenação de Serviços e Comércio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em setembro, comparado a agosto, as vendas de móveis e eletrodomésticos recuaram 1,5%, enquanto o volume vendido de equipamentos e materiais de escritório, informática e comunicação despencaram 9 2%.
Aleciana disse que, na atividade de Equipamentos, apesar desse decréscimo de setembro, a taxa acumulada no ano (13,2%) está acima da média. "Os preços dos produtos estão caindo. Mas, em agosto de 2012, as famílias atingiram o maior nível de endividamento de toda a série histórica", justificou Aleciana sobre a perda de fôlego do setor em setembro. "Por causa do endividamento, as famílias estão com dificuldade em comprometer mais uma parte da renda se endividando, mesmo com os incentivos do governo", acrescentou.
A queda nos preços também vinha ajudando o setor de móveis e eletrodomésticos. Os produtos eletroeletrônicos ficaram 6,6% mais baratos nos 12 meses encerrados em setembro, dentro do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Mas, nesse segmento, houve antecipação de compras em agosto, o que prejudicou o desempenho da atividade no mês seguinte, de acordo com o IBGE. Na comparação com o mesmo mês de 2011, a venda de móveis e eletrodomésticos teve alta de 6,2% em setembro, após expansão de 15,3% em agosto.
"As vendas da atividade de móveis e eletrodomésticos ficou em menos da metade em setembro do que tinha registrado em agosto, na comparação com o ano anterior. Isso também se deve à antecipação de compras por causa do término da redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), que ia acabar no final de agosto", afirmou a técnica do IBGE. "Por causa disso o desempeno de setembro não foi tão elevado quanto o de agosto", completou.
Na passagem de agosto para setembro, apenas três das oito atividades pesquisadas no varejo restrito registraram aumento nas vendas: combustíveis e lubrificantes (0,9%); supermercados (0,9%); e outros artigos de uso pessoal e doméstico (0,2%). Além de móveis e eletrodomésticos e equipamentos de informática, houve queda ainda em vestuário (-0,1%), artigos farmacêuticos (-0,2%), e livros e revistas (-0,5%).