A redução mais acelerada da taxa de desemprego da população negra e parda em comparativo com as cores branca e amarela (não negros) diminuiu um pouco das diferenças no mercado de trabalho da Grande BH, segundo boletim especial da Pesquisa de Emprego e Desemprego, divulgada ontem pela Secretaria Estadual de Trabalho e Emprego, Dieese e Fundação João Pinheiro. No comparativo entre 2010 e 2011, o percentual de desempregados na região metropolitana caiu 23,16% entre os negros, ante 10% entre os não negros. Mas o caminho a ser perseguido até alcançar um mercado mais igualitário é longo: o rendimento de homens e mulheres negras representa 67,4% e 51,2%, respectivamente, do que ganha um trabalhador não negro.
No período estudado, a taxa de desemprego entre negros caiu de 9,5% para 7,3% em 2011, permanecendo acima da média geral que é de 7%, enquanto entre não negros o índice foi reduzido de 7% para 6,3%. A diferença de um ponto percentual entre as taxas do ano passado é a menor desde 2004. Naquele ano, o nível de desemprego de brancos e amarelos era 4,8 pontos percentuais menor que o de negros.
O tipo de atividade ocupada pela população branca e amarela, no entanto, impõe significativa diferença salarial. Entre os chamados não negros, 61,3% atuam na rubrica serviços, enquanto entre os negros são 52,9%. A diferença de 8,4 pontos percentuais é verificada em duas outras atividades: construção civil e serviços domésticos. Em ambos, proporcionalmente, é maior a presença de negros. “São trabalhos menos valorizados no mercado de trabalho”, resume o coordenador do Observatório do Trabalho da Secretaria de Estado de Trabalho e Emprego, Igor Coura de Mendonça.
Mas quando considerada uma mesma atividade, a variação ainda é grande, o que muitas vezes se deve ao cargo ocupado pelo profissional. A pesquisa mostra que homens e mulheres negras ganham R$ 12,09 por hora no setor público ante R$ 16,98 de brancos e amarelos, ou seja, a remuneração é 28,8% menor. O mesmo se repete em todas as demais atividades (indústria, comércio, serviços e construção civil). A única em que o rendimento é semelhante é o de empregados domésticos. Exatamente onde os negros são maioria. “Acabar com essa diferença demora anos e anos com políticas públicas de inserção. Historicamente a população parda e negra tem baixa escolaridade, o que faz com que seja inserida em funções cujos salários são menores”, afirma o pesquisador da Fundação João Pinheiro, Plínio Campos.
ESTUDOS Para ajudar em casa, onde moram 11 pessoas, a atendente de lanchonete Rafaela Cristina Ferreira de Gomes se viu obrigada a trabalhar desde os 13 anos. Aos 18, ela, que já trabalhou também em padarias e bares, além de ter sido babá, terá a carteira de trabalho assinada pela primeira vez, refletindo a introdução dessa parcela da população no mercado formal. Mas ela prefere acreditar que a falta de oportunidade não se deu por causa de sua cor e, sim, porque nunca gostou muito de estudar. “Se tivesse continuado os estudos, poderia ter um emprego melhor”, sintetiza ela, que concluiu somente o ensino fundamental. A diferença se acentua ainda mais se considerado o sexo do profissional. O rendimento da mulher negra na Grande BH é de R$ 5,95 por hora trabalhada ante R$ 11,61 dos homens não negros, quase duas vezes mais.
No período estudado, a taxa de desemprego entre negros caiu de 9,5% para 7,3% em 2011, permanecendo acima da média geral que é de 7%, enquanto entre não negros o índice foi reduzido de 7% para 6,3%. A diferença de um ponto percentual entre as taxas do ano passado é a menor desde 2004. Naquele ano, o nível de desemprego de brancos e amarelos era 4,8 pontos percentuais menor que o de negros.
O tipo de atividade ocupada pela população branca e amarela, no entanto, impõe significativa diferença salarial. Entre os chamados não negros, 61,3% atuam na rubrica serviços, enquanto entre os negros são 52,9%. A diferença de 8,4 pontos percentuais é verificada em duas outras atividades: construção civil e serviços domésticos. Em ambos, proporcionalmente, é maior a presença de negros. “São trabalhos menos valorizados no mercado de trabalho”, resume o coordenador do Observatório do Trabalho da Secretaria de Estado de Trabalho e Emprego, Igor Coura de Mendonça.
Mas quando considerada uma mesma atividade, a variação ainda é grande, o que muitas vezes se deve ao cargo ocupado pelo profissional. A pesquisa mostra que homens e mulheres negras ganham R$ 12,09 por hora no setor público ante R$ 16,98 de brancos e amarelos, ou seja, a remuneração é 28,8% menor. O mesmo se repete em todas as demais atividades (indústria, comércio, serviços e construção civil). A única em que o rendimento é semelhante é o de empregados domésticos. Exatamente onde os negros são maioria. “Acabar com essa diferença demora anos e anos com políticas públicas de inserção. Historicamente a população parda e negra tem baixa escolaridade, o que faz com que seja inserida em funções cujos salários são menores”, afirma o pesquisador da Fundação João Pinheiro, Plínio Campos.
ESTUDOS Para ajudar em casa, onde moram 11 pessoas, a atendente de lanchonete Rafaela Cristina Ferreira de Gomes se viu obrigada a trabalhar desde os 13 anos. Aos 18, ela, que já trabalhou também em padarias e bares, além de ter sido babá, terá a carteira de trabalho assinada pela primeira vez, refletindo a introdução dessa parcela da população no mercado formal. Mas ela prefere acreditar que a falta de oportunidade não se deu por causa de sua cor e, sim, porque nunca gostou muito de estudar. “Se tivesse continuado os estudos, poderia ter um emprego melhor”, sintetiza ela, que concluiu somente o ensino fundamental. A diferença se acentua ainda mais se considerado o sexo do profissional. O rendimento da mulher negra na Grande BH é de R$ 5,95 por hora trabalhada ante R$ 11,61 dos homens não negros, quase duas vezes mais.