Uma notícia nada agradável para quem está de malas prontas para passar as férias no exterior. Ontem, o dólar comercial fechou em alta pela quinta sessão consecutiva , registrando valorização de 1,07% e encerrando o dia cotado a R$ 2,074. Trata-se da maior alta diária desde 17 de setembro, quando valorizou 0,94%. Também é o maior patamar de fechamento desde 28 de junho (R$ 2,076). Com isso, a divisa norte-americana acumula em 2012 valorização de quase 11%. Em um ano, o avanço chega a 18,9%, e em novembro, 1,92%. Os sucessivos aumentos do dólar devem impactar no custo das viagens internacionais, encarecendo os destinos para fora do país.
A forte alta ontem foi movida pela especulação do mercado de que o governo toleraria um câmbio mais desvalorizado para estimular a economia. Preocupações sobre uma possível piora da crise da Zona do Euro e sobre os desafios fiscais dos Estados Unidos continuaram a pressionar as cotações da moeda norte-americana. O repique do dólar na sessão de ontem teve também um componente técnico, segundo os operadores. A divisa norte-americana atingiu níveis importantes de alta que forçaram alguns investidores a ajustar posições, levando a uma elevação ainda maior da moeda.
Segundo dados da Bolsa de Valores de São Pauloo (Bovespa), o volume negociado foi de US$ 1,874 bilhão na sessão de ontem, melhor do que o visto na véspera, de pouco mais de US$ 1 bilhão. Houve rumores no mercado de que o Banco Central toleraria uma banda mais alta para a moeda, acima de R$ 2,10, afirmou o economista sênior da BES Investimentos, Flávio Serrano, acrescentando que também ocorreu um movimento técnico de investidores que tinham posições vendidas.
Outros operadores citaram ainda que essa banda mais alta teria como teto R$ 2,15, acima do que o mercado vê como o teto informal imposto pela autoridade monetária de R$ 2,10. Autoridades brasileiras expressaram repetidamente a vontade de deixar o dólar acima de R$ 2 para impulsionar a indústria brasileira. No começo de julho – quando a moeda recuou abaixo desse nível – o diretor de Política Monetária do Banco Central, Aldo Mendes, afirmou que o dólar abaixo de R$ 2 não era bom para a indústria. Pouco antes, o dólar chegou a bater R$ 2,10, fazendo o BC atuar por meio de leilões de swap cambial tradicional – equivalentes a uma venda de dólares no mercado futuro – para impedir que a divisa ultrapasse esse patamar.
Alerta com repiques
O conjunto dessas declarações e intervenções levou o mercado a consolidar uma banda informal de negociação para o dólar, cujo piso seria R$ 2 e o teto, R$ 2,10. A vigilância das autoridades brasileiras sobre o câmbio, no entanto, reduziu drasticamente a volatilidade e o volume do mercado de câmbio, deixando o dólar próximo de R$ 2,02 e R$ 2,03 por vários meses. Os recentes repiques da dólar têm deixado os investidores em alerta para eventuais intervenções do BC, que poderia entrar no mercado na ponta vendedora para segurar maiores cotações. No cenário externo, continuam as preocupações com os cortes de gastos e aumentos de impostos automáticos que recairão sobre a economia norte-americana no início do ano que vem, o chamado abismo fiscal. Além da situação da Grécia, com indefinição se o país receberá uma nova parcela de ajuda internacional.