O gerente de câmbio da Picchioni, Jair Reis, avalia que o momento deve ser de cautela para o consumidor que está com as passagens compradas. Quem está com as férias programadas tem na poupança uma ferramenta para ajudar a equilibrar o orçamento e evitar surpresas na fatura do cartão de crédito.
Segundo o operador de câmbio Fitta DTVM, do Grupo Fitta, Guilherme Prado, a estratégia deve ser se antecipar e poupar 50% do que será gasto na viagem. “Se a pessoa compra a metade de sua reserva por um preço razoável e ainda assim o dólar cair até a data viagem, ele vai ser beneficiado”, analisa.
Bom exemplo é o de Shirley Rancatti e o marido, Wander Rancant. Eles vão viajar para os Estados Unidos nas próximas semanas e, para isso, guardaram dinheiro e compraram dólares ao longo do ano para não depender do cartão de crédito. “As altas taxas tributárias no Brasil fazem a gente sair daqui para comprar no exterior. Mesmo com o dólar mais caro, vale a pena comprar lá”, afirma Shirley.
Nas agências de turismo, a alta do dólar já reflete na queda das vendas dos pacotes internacionais. Na Belvitur, o diretor Marcelo Cohen afirma que, neste fim do ano, os destinos nacionais estão mais fortes que os internacionais. “Tivemos acréscimo nas vendas nacionais em função da alta do dólar”, diz.
PRESSÃO Para as próximas semanas, a tendência é de que a divisa norte-americana continue oscilando, apesar de parte do mercado acreditar que o avanço dos últimos dias não vai se segurar. Segundo economistas, a alta da moeda americana se deve ao nervosismo que tomou conta do mercado após as eleições americanas, o que elevou a aversão ao risco. Ontem, o dólar comercial fechou no mesmo patamar de sexta-feira, em R$ 2,08.
Para Newton Rosa, economista-chefe do Sul América Investimento, a cotação vá se descolar do atual patamar. “Vai ficar entre R$ 2 e R$ 2,05”, assegurou. Mesmo levando em conta a gritaria geral dos exportadores e o fato do resultado da balança comercial ser preocupante – as exportações estão em queda enquanto as importações aumentam – Rosa não acredita que o governo vá forçar a mão para dar fôlego ao dólar. A economista Gabriela Fernandes, do Itaú BBA, também acredita que a taxa atual vai recuar. “É a pressão do momento”, disse. Para o Itaú BBA o dólar estará em R$ 2,02 no final do ano.
PROGRAME-SE COM AS VERDINHAS
Dicas para fazer uma viagem ao exterior financeiramente mais tranquila
> Estipule a quantia que pretende gastar no exterior e comece a pensar numa poupança antecipada
> Compre os dólares aos poucos, mês a mês, de acordo com sua disponibilidade financeira e objetivo
> Seja um consumidor mais atento e acompanhe o mercado e as cotações do dólar todos os dias
> Ao monitorar o mercado, mesmo que a queda do dólar seja leve, não deixe de comprar parte do dinheiro que deseja gastar no exterior
> Garanta ao menos 50% do dinheiro que vai gastar, antes mesmo de sua viagem, para não ser surpreendido
> Nunca compre 100% do dinheiro antes da viagem, pois há chance de o dólar subir e também baixar até lá
> Os dólares poupados antes da viagem podem ser comprados em espécie ou ser depositados em um cartão de débito oferecido pelas casas de câmbio, que têm tarifa mais vantajosa que o inheiro de papel
> Evite gastos no cartão de crédito, porque no fechamento da fatura a cotação pode ser maior
Fonte: Especialistas e casas de câmbio