Brasília - O crescimento da economia brasileira este ano vai ser medíocre. É nisso que apostam os economistas e os analistas de mercado que ontem, mais uma vez, segundo o relatório Focus, rebaixaram de 1,52% para 1,5% a variação do Produto Interno Bruto (PIB) do país neste ano. Para eles o fato de o PIB do terceiro trimestre, que será divulgado na sexta-feira, vir forte – o percentual esperado pode chegar a 1,3% na comparação com o trimestre anterior o que anualizado dará algo perto de 4% – não significará muita coisa embora o governo vá querer capitalizar.
“A economia deve ganhar um dinamismo maior, mas mais leve do que o esperado pelo governo”, disse Newton Rosa, economista-chefe, da Sul América Investimento. Rosa é um dos que não acreditam que o crescimento do PIB do terceiro trimestre se repita no último período do ano. “O carregamento para 2013 será menor, e para acelerar, o esforço terá que ser muito maior”, observou. Tudo isso, segundo o economista é porque os incentivos que o governo deu para manter o consumo das famílias têm fôlego curto e o cenário internacional, com forte restrição de crescimento, não ajuda.
Para o ex-ministro da Fazenda e sócio da Tendências Consultoria Maílson da Nóbrega, o cenário de expansão reduzida do Brasil dificilmente mudará a curto prazo. “O Brasil parece ter entrado em uma manilha de baixo crescimento”, observou durante palestra no Cosan Day, reunião da companhia com analistas e investidores em São Paulo ontem. Na avaliação de Maílson, há uma “piora na qualidade da política econômica” do governo Dilma Rousseff. “A presidente tem toda legitimidade para fazer testes, foi eleita para isso. Mas houve uma piora”, assegurou.
Para o mercado, sem os investimentos necessários e com a indústria ainda em marcha ré, até mesmo o crescimento do PIB do ano que vem que o governo aposta em 4% está comprometido. Para 2013, a nova expectativa de crescimento da economia recuou de 3,96% para 3,94%.
Fim dos cortes na taxa de juros
Apesar do pouco dinamismo da economia, a taxa básica de juros da economia até o fim do ano já está dada. É a Selic de 7,25% ao ano, definida na reunião de outubro do Comitê de Política Monetária (Copom). Nenhum economista consultado pelo Estado de Minas espera que o Banco Central volte a mexer nessa taxa na reunião desta semana, a última do ano. O ponto de interrogação agora é o tempo de duração dessa taxa, ou seja, se ela permanecerá nesse patamar até 2014 ou se o Copom será forçado a elevar os juros no fim do ano que vem para evitar uma explosão da inflação.
Eduardo Velho, economista-chefe da Planner Corretora, é um dos que acreditam que a Selic não mexe mais durante o governo Dilma. “O Banco Central já sinalizou que, apesar de o cumprimento da meta cheia permanecer como objetivo, a convergência da inflação para a meta não é mais no horizonte de 12 meses”, explicou. Para Velho, o BC está aceitando um pouco mais de inflação – a meta é de 4,5%, mas o IPCA do ano deve ficar em torno de 5,5% – atribuindo o aumento dos preços aos choques externos, como por exemplo o das commodities. O mercado, segundo o relatório Focus, também não acredita na convergência da inflação para a meta em 2013, mas nem assim aposta numa elevação da taxa básica de juros.