O ministro da Fazenda, Guido Mantega, se defendeu, durante audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado nesta terça-feira, das críticas do senador José Agripino Maia (DEM-RN) ao baixo crescimento econômico do Brasil este ano. Maia disse que o Brasil vem exibindo números de crescimento extremamente preocupantes. "Estamos perdendo a corrida para o México que é a bola da vez", disse o senador. "Não quero que o Brasil seja atrelado a aqueles que não crescem. Já cresceu 7,5% e está patinando e crescendo à frente só do Paraguai", completou.
Mantega rebateu que a afirmação depende do período analisado. "Se pegarmos o pior momento, um ano, é verdade. Mas, se pegarmos os últimos anos, a média de crescimento do México em quatro anos é igual ou inferior ao do Brasil", disse.
Mantega observou que o México caiu 6,5% em 2009 e está se recuperando da queda. "Para 2013, a projeção para o México é menor que (a para) o Brasil. Neste momento, alguns países da América Latina vão melhor porque não tem indústria e são exportadores de commodities. E as exportações de commodities vão muito bem", afirmou Mantega.
Segundo o ministro, seria mais adequado uma comparação em um período mais extenso. "O Brasil ganhou uma capacidade maior de crescimento. E não estou falando da boca para fora", prosseguiu Mantega. O ministro afirmou que, entre 2003 e 2010, o Brasil cresceu a uma taxa média de 4,5%. De 2006 a 2011, com dois anos ruins (2009 e 2011), o crescimento médio do PIB foi de 4,2%. "Não dá para dizer que foi ruim. É um excelente desempenho do PIB na última década", defendeu.
Mantega destacou que é normal que os investimentos caiam durante momentos de crise. "A China tem estrutura econômica e política diferente da nossa. As comparações são complexas e ela está em fase de desenvolvimento diferente da nossa", argumentou. O ministro disse que, entre os Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), o Brasil está "no meio" em termos de crescimento, com dois países melhores que o Brasil e dois abaixo. Ele ponderou que a Rússia em 2008 e 2009 sofreu muito com a crise e teve crescimento negativo. "Não tivemos isso. Não dá para pegar um ponto fora da curva", acrescentou referindo-se ao crescimento econômico deste ano. Mantega destacou que o governo está conseguindo criar as condições para que a indústria e os investimentos se recuperem, a despeito das crises americana e europeia.
Conta públicas
O ministro também defendeu as contas públicas nacionais. Maia criticou o aumento dos gastos públicos. "Ninguém pode falar das nossas contas públicas. São saudáveis, temos os superávits maiores do mundo, o primário mais alto do mundo e os gastos correntes estão controlados", disse Mantega. "Nossa situação fiscal é muito mais sólida que dos Estados Unidos e dos países europeus. Damos de dez", afirmou Mantega. O ministro disse que ninguém questiona a situação fiscal do Brasil e lembrou que o País passou para grau de investimento em período recente.