A captação dos fundos de private equity dedicados ao Brasil deve registrar queda de 76% em 2012, segundo avaliação do diretor de Relações com Investidores da Associação Brasileira de Private Equity & Venture Capital (ABVCAP), Robert Linton. "Se não acontecer nada de extraordinário, a captação deve cair de US$ 7 bilhões, em 2011, para US$ 1,7 bilhão neste ano", disse.
Para Wilson Rosa, no entanto, diretor da Advent, o fluxo de capital está mais relacionado ao ciclo de investimento do que ao apetite dos investidores em relação ao Brasil. "Até 2013/14, teremos um esforço grande de alocar o capital levantado pela última geração de fundos, de US$ 1,65 bilhão. Ainda há apetite para investimento local, mas a perspectiva mudou", comentou o executivo.
Segundo Rosa, apesar do desafio de encontrar novos negócios, 2012 foi um ano "muito bom". "Quando comparadas às oportunidades de fora do País, as do Brasil ainda são as melhores opções", afirmou.
Sobre a receptividade das empresas brasileiras para o private equity, Rosa disse que os fatores macroeconômicos têm impacto. "O que mudou é que as empresas já entendem o que é esta indústria. Mas as transações que temos para fechar entre agora e junho de 2013 foram iniciadas em 2010/11", contou. A Unopar, adquirida no fim de 2011 pelo fundo em conjunto com a Kroton, começou a ser negociada em 2008, segundo Rosa.
Perspectivas negativas
De acordo com o relatório Global Private Equity 2012, elaborado pela Grant Thornton, os fundos de private equity ao redor do mundo enfrentam atualmente condições difíceis tanto para captar recursos financeiros como para fazer negócios. Aproximadamente três quartos (72%) dos entrevistados disseram que as perspectivas para captação são negativas ou muito negativas. Em 2011, esse porcentual era de 46%.
Os países dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) foram os que apresentaram maior declínio em relação ao otimismo referente às captações. Neste ano, 78% dos entrevistados descreveram o ambiente para captar fundos como negativo ou muito negativo, ante os 39% registrados em 2011. Ainda assim, apesar dos desafios, 48% dos executivos no grupo esperam que os novos fundos de private equity sejam maiores do que os anteriores, de acordo com o relatório.
"Esta queda está muito relacionada ao momento vivido pela Europa e pelos Estados Unidos, que têm experimentado níveis negativos ou bastante reduzidos de crescimento. Outro movimento detectado é que os tradicionais aplicadores em fundos de private equity têm adotado uma postura mais conservadora na alocação dos seus recursos, abrindo mão de uma maior expectativa de rentabilidade, preferindo aplicações mais seguras.", destacou o diretor da Grant Thornton Brasil Paulo Sérgio Dortas. O estudo, realizado pelo segundo ano, foi feito com 143 executivos seniores do segmento a nível mundial.