O novo modelo de concessões rodoviárias anunciado pelo governo federal em outubro representa mais riscos para os investidores e tende a levar a deságios menores nas tarifas nas próximas concessões. A afirmação é de Moacyr Duarte, presidente da Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR), feita durante a comemoração, nesta segunda-feira, em São Paulo, dos dez anos do Índice ABCR de Atividade. "Os desafios para os concessionários são maiores. Há um aumento nos riscos e isso tem repercussão nas tarifas", afirmou.
Duarte se referiu às novas regras, anunciadas no pacote de concessões em agosto, de que as concessionárias só poderão começar a cobrar pedágio após a conclusão de pelo menos 10% das obras. Outra norma estabelece que obras como duplicação e contornos devem ser finalizadas até o quinto ano da concessão. A escolha dos vencedores dos leilões continuará sendo feita com base na oferta da menor tarifa em relação à tarifa-teto estabelecida pelo governo.
O presidente da ABCR também criticou a atuação do governo no caso do leilão da BR-101 no trecho entre o Espírito Santo e Brasília, realizado em janeiro, vencido pelo consórcio Rodovia da Vitória, liderado pela EcoRodovias, mas cujo resultado ainda está sendo questionado pelo segundo colocado, o consórcio Rodovia Capixaba.
Duarte também criticou o fato de o Ibama ter negado, na semana passada, a licença para a duplicação da Régis Bittencourt (BR-116), que liga São Paulo a Curitiba, no trecho da Serra do Cafezal, estrada sob concessão da OHL. Segundo ele, não há um esforço grande do governo para resolver essas questões e isso gera "certa preocupação" nos investidores para os próximos investimentos.