Para o ministro da Fazenda, Guido Mantega, o governo está fazendo uma revolução nas políticas monetária, fiscal e cambial. Questionado pelos jornalistas que participaram nesta quarta-feira da confraternização de fim de ano se essa revolução se tratava de uma mudança no tripé no macroeconômico (responsabilidade fiscal, câmbio flutuante e meta de inflação), ele respondeu que era uma "evolução do tripé".
Na opinião dele, o Brasil ganhou respeitabilidade no exterior e o governo levou "uma trombada" com a crise financeira internacional. Mas lembrou que, até hoje, há países que ainda não conseguiram se recompor da crise financeira de 2008. Afirmou ainda que termina o ano se sentindo realizado e que há condições para continuar com as realizações.
Sempre confiante, previu que a arrecadação federal será melhor em 2013 do que neste ano. Disse que, à medida que a atividade econômica voltar a crescer, a arrecadação voltará a se recuperar. Segundo ele, o recolhimento dos tributos sobe acima do Produto Interno Bruto (PIB).
Juros
O ministro falou também que a redução no pagamento dos juros da dívida vai ajudar a equilibrar as receitas federais do próximo ano, porque diminuirá os gastos do governo. Ele previu que o pagamento dos juros da dívida este ano ficará em 4,6% do PIB, ante 5,8% em 2011.
Para 2013, a previsão dele para a dívida é de 4,4% do PIB. "Dois mil e treze vai depender da Selic. Se ficar onde está, a relação baixará para 4,4% do PIB", explicou. A Selic, referencial do juro no País, foi mantida em 7,25% ao ano na última reunião do Banco Central deste ano, após dez reduções consecutivas.
Parceiros e perspectivas
Mantega estima que poderá haver uma melhora gradual dos Estados Unidos, o que é perceptível em uma reação do mercado imobiliário e do consumo, principalmente. "O consumo deles está começando a melhorar." Na avaliação dele, se não houver problema maior com o abismo fiscal, os EUA contribuirão para mais crescimento do Brasil. "Os Estados Unidos são um bom mercado de manufaturados para o Brasil e está aumentando."
Já a Argentina, conforme Mantega, tirou "alguns pontos porcentuais" da expansão brasileira, pois a situação dos vizinhos não está resolvida. "No dia que resolver ali, voltaremos a ter exportação forte de manufaturados."
Outro ponto importante, na visão dele, é que a China começou a ter "alguma aceleração". "Isso é bom para nós, porque a China é um parceiro.", disse. Já as perspectivas para a União Europeia são mais negativas. "Não espero nenhuma boa notícia da Europa", afirmou. O ministro citou até que mesmo a "locomotiva" do bloco, a Alemanha, terá um crescimento de apenas 0,7% este ano. Depois, comentou que as projeções feitas para o crescimento do continente europeu têm sido revistas para baixo constantemente.
"Todos refazem projeções e ninguém é demitido", brincou, em uma clara menção à revista The Economist, que sugeriu à presidente Dilma Rousseff que demitisse Mantega depois de um resultado pífio do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro no terceiro trimestre.