Em novembro, o rendimento real médio do trabalhador na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) cresceu 9,3% ante igual período do ano passado. A elevação da renda média foi a maior do período entre as regiões metropolitanas de capitais do país pesquisadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). São Paulo ficou em segundo lugar com 7% e Recife em terceiro com 5,9%. Na comparação com outubro, a RMBH registrou alta de 1,5% na renda média real dos empregados com carteira assinada, atrás do Rio de Janeiro (2,6%) e Recife (2,2%). Além do aumento na renda, a capital mineira teve a menor taxa de desemprego entre as capitais no mês, com taxa de 3,9%, enquanto no país o desemprego recuou para 4,9%, o menor para o mês e o segundo menor patamar desde 2010.
De acordo com a Pesquisa Mensal do Emprego (PME), do IBGE, divulgada ontem, entre novembro de 2011 e igual mês de 2012, o rendimento habitual em Belo Horizonte e região saiu de R$ 1.641,60 para R$ 1.795. Os números do IBGE se refletem no contracheque da vendedora Izabella Costa de Oliveira, que trocou de emprego e foi contratada pela K9, loja de roupas femininas no Boulevard Shopping , e com isso recebeu um salário 68% mais gordo no início deste mês. “Eu trabalhava em outro emprego e tirava R$ 545 líquidos. Mas o salário referente a novembro foi de R$ 800”, explica Isabella Costa.
De acordo com Antônio Braz, analista do IBGE, o nível de atividade no país chama a atenção porque o crescimento econômico está baixo – as expectativas para o Produto Interno Bruto (PIB) caíram de 4,5% para 1% entre o início e o fim de 2012 –, mas o emprego e os salários continuam subindo. “Comparado com o mesmo mês do ano passado, o resultado de novembro na RMBH é muito expressivo. Quando se observa um período um pouco maior, chegando a 2008, ano da crise global, nota-se que a taxa de ocupação da indústria extrativa, de transformação e de energia elétrica encolheram. Por outro lado, nas demais atividades, o emprego avançou, com destaque para a construção civil”. De acordo com ele, a situação de Belo Horizonte é diferente do restante do país, porque ao longo dos meses o nível de emprego está aumentando.
Para Cláudio Salvadori Dedecca, professor do Instituto de Economia da Unicamp, apesar dos resultados positivos no país, ainda não é hora de bater o bumbo. “A retração na taxa de desemprego está dentro das expectativas para o fim do ano, já que no segundo semestre a tendência é de aumento nas contratações.” O problema, segundo ele, é que, analisando os dados, já há alguns sinais de que a geração de emprego formal está perdendo vigor no Brasil. No aspecto da renda, também há um sinal de perda de desempenho, ainda mais em se levando em conta que o quadro em termos de crescimento econômico não é favorável. “Saímos de uma perspectiva de crescimento de 4,5% e estamos brindando um crescimento de 1%”, observa.
Mão de obra ativa
Segundo o IBGE, a taxa de desemprego no país teve queda de 0,4 ponto percentual frente a outubro (5,3%) e manteve-se estável em comparação com novembro do ano passado (5,2%). A população desocupada (1,2 milhão de pessoas) encolheu 8% no confronto com outubro – menos 106 mil pessoas procurando trabalho – e ficou estável frente a novembro do ano passado. O batalhão de (23,5 milhões de pessoas que compõem a população ocupada ficou estável em comparação a outubro. No confronto com novembro de 2011, ocorreu aumento de 2,8% nessa estimativa, o que agregou mais 634 mil ao uiverso dos ocupados. Já o número de trabalhadores com carteira assinada no setor privado (11,4 milhões) não registrou variação na comparação com outubro. Na comparação anual, houve uma elevação de 2,5%, representando um adicional de 278 mil postos de trabalho com carteira assinada.
Ainda de acordo com o IBGE, o nível da ocupação – proporção de pessoas ocupadas em relação às pessoas em idade ativa – foi estimado em novembro de 2012 em 55,3% para o total das seis regiões pesquisadas, ficando estável frente a outubro e 1 ponto percentual maior na comparação com novembro de 2011. Regionalmente, nas comparações mensal e anual, esse indicador variou apenas na Região Metropolitana do Recife (aumentos de 1,3 ponto percentual frente ao mês anterior e de 3,1 pontos percentuais na comparação com novembro do ano passado), mantendo estabilidade nas demais regiões.
Para Cláudio Deddeca, porém, números tão positivos não revelam uma tendência. Na avaliação dele, diante do quadro de estagnação da economia brasileira em 2012, as empresas pensaram em demitir, mas resolveram esperar os resultados do primeiro trimestre do ano que vem para tomar uma decisão com o objetivo de economizar nos custos com o acerto e as nova contratações. “Se a expectativa de crescimento não se confirmar no período, as empresas farão os ajustes e poderá haver variação negativa no número de empregos formais e de elevação nas taxas de desemprego.”
Qualificação em Minas
A Secretaria de Estado Trabalho e Emprego de Minas Gerais (Sete) encerrou o ano de 2012 superando a meta de 21 mil trabalhadores qualificados por meio dos programas Projovem Trabalhador/Juventude Cidadã, Plano Territorial de Qualificação (PlanTeQ), Projeto de Inclusão Produtiva e Programa Travessia, com investimentos de cerca de R$ 36 milhões dos governos Estadual e Federal. De acordo com o secretário de estado do Trabalho e Emprego, Hélio Rabelo, os investimentos realizados já dão retorno positivo ao estado. No programa Travessia Renda, 1,5 mil trabalhadores maiores de 18 anos estão concluindo o ensino fundamental por meio do programa de retorno à escolarização.