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Estado de Minas

Jovens enfrentam informalidade e baixa remuneração

Imprescindível para a geração de riqueza no país, juventude deixa escola por um salário, mesmo que sem carteira assinada


postado em 24/12/2012 00:12 / atualizado em 24/12/2012 07:31

Informalidade e salários baixos. Essa é a característiva predominante no mercado de trabalho que os jovens entre 15 e 24 anos encontram no país. A despeito dessas condições menos favoráveis, a maior oferta de emprego nos últimos anos decorrente do crescimento econômico, aliada à desmotivação do que se aprende na sala de aula, incentivou essa parcela da população a priorizar o ganha-pão e largar a escola. Do contingente de 30,08 milhões de brasileiros que estão nessa faixa de idade, os que só trabalham aumentou de 32% para 34,6% entre 2001 e 2011. A maior parte deles tem entre 18 e 24 anos, 62,2% do total.


Já os que trabalhavam e estudavam ao mesmo tempo diminuíram de 18,7% para 15,5% no período, conforme os dados levantados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) a pedido do Estado de Minas, com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2011. Estão nesse grupo principalmente os mais novos, de 15 a 18 anos – 60% deles. O consolo é que um percentual deles não precisou mais dar duro e passou a apenas a estudar: a participação dos que têm de 15 a 24 anos que só frequentam a sala de aula passou de 29,9% para 30,9% entre 2001 e 2011.


“Uma parte dos jovens tem permanecido mais tempo na escola e empregado mais tempo estudando. Com isso, teremos jovens mais escolarizados no futuro, postergando a entrada no mercado de trabalho. Outros, no entanto, largam os estudos e preferem disputar uma vaga de emprego”, observa Rodrigo Leandro de Moura, professor da Fundação Getulio Vargas (FGV).
Os dados do IBGE mostram que, de cada 100 jovens entre 15 e 24 anos, 46 estudam e 50 trabalham. A pesquisa do IBGE aponta se a pessoa estava ocupada ou não no momento da entrevista, considerando tanto o “bico” como a atividade regular com carteira assinada como trabalho.


Além das condições precárias da ocupação, um quarto dos jovens entre 15 e 24 anos tem jornada semanal de mais de 45 horas. A carga horária prevista em lei é de 8 horas por dia, totalizando 40 horas por semana. Quanto mais novos, maior a informalidade. Pelo menos 80% dos que estão na faixa de 15 a 17 anos trabalham sem carteira assinada. O percentual chega a 95% se forem considerados apenas os de 15 anos. Entre os de 20 e 24 anos, 36,5% não são registrados.


“Predominam os empregos informais entre os jovens devido também à dificuldade do primeiro emprego”, comenta a pesquisadora do IBGE Cintia Simões Agostinho. Ela destaca, no entanto, que foram entre os de 16 a 24 anos que a formalidade mais aumentou com mais intensidade a partir de 2006, coincidindo com o período de maior crescimento econômico do país. A proporção dos que têm carteira assinada aumentou de 40,8% para 53,5% entre 2006 e 2011. Em 2001, apenas 39,7% tinham os direitos trabalhistas garantidos.

Adolescentes Apesar de a lei proibir o trabalho de adolescente antes dos 16 anos, a não ser como aprendiz com carteira assinada, essa não é a realidade brasileira. Um quarto dos que têm de 15 a 17 anos está dando duro para ajudar na renda familiar. Em 2010, conforme o último censo divulgado, havia 1,6 milhão de crianças e adolescentes até 15 anos trabalhando no Brasil. Além disso, os dados da Pnad de 2011 revelam que 46% dos trabalhadores do país de qualquer idade ocupados hoje começaram a trabalhar entre os 10 e 14 anos.


Antonia Mística de Araújo, de 19 anos, e Suellen Cristina dos Santos, 22 anos, são colegas de trabalho numa loja de calçados de um shopping em Brasília e, hoje, têm a carteira assinada. Mas nem sempre foi assim. A primeira tem o ensino médio completo e é caixa do estabelecimento. Já a segunda deixou os estudos quando faltava apenas um ano para completar o nível médio e é vendedora. Ambas vieram de famílias de renda mais baixa e tiveram que começar a trabalhar cedo para se sustentarem e ajudarem nas despesas da casa.


Vida dura Filha mais velha de cinco irmãos, Suellen foi criada pelos tios desde os 10 anos. Começou a trabalhar aos 17 anos como empregada doméstica, sem carteira assinada, quando o tio, motorista de ônibus, ficou desempregado. Foi quando desistiu da sala de aula. Dois anos depois, mudou de área e virou vendedora. Com o atual ritmo de vida, em que sai de casa às 8h30 da manhã para o trabalho e só retorna às 20h30, Suellen diz estar conformada com seu destino. Pensa em se casar com o namorado, despachante rodoviário, com quem está há dois anos. “Chego em casa cansada. Não tenho tempo para pensar em nada”, diz ela, quando questionada sobre retomar os estudos e mudar o rumo da vida.


Já Antônia Mística reconhece que está perdendo tempo. Aos 15 anos começou a trabalhar como vendedora de uma loja de doces, sem registro na carteira e, aos 16, já tinha terminado o ensino médio no Ceará onde morava. No ano seguinte, foi para Brasília morar com uma tia em busca de uma vida melhor. Cursar o ensino superior era uma das metas. Porém, não se deu bem no relacionamento na casa dos parentes e resolveu morar junto com o namorado. Antes do emprego de caixa na loja de calçados, trabalhou em restaurante e numa entidade sindical. Quer ser delegada de polícia.
“Por enquanto, está complicado", diz ela sobre o custo da mensalidade da faculdade. Seu salário líquido é em torno de R$ 720. Seus planos é conseguir uma bolsa de estudos que cubra a maior parte da mensalidade. "Com a bolsa, poderia gastar pelo menos uns R$ 300 com o curso”, espera.


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