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Estado de Minas TOTALMENTE CONECTADOS

Classe C é ávida por tablets, notebooks e smartphones, vedetes do Natal

O aumento da renda e as transformações sociais permitiram a formação de uma nova classe média, com mais educação e interativa. Acesso à internet é necessidade para essas pessoas


postado em 25/12/2012 00:12 / atualizado em 25/12/2012 11:41

(foto: Carlos Vieira/CB/D.A Press)
(foto: Carlos Vieira/CB/D.A Press)

No quarto-cozinha de 20 metros quadrados em que mora a gerente comercial Gilmaria Araújo, de 25 anos, quase tudo foi comprado pela internet. Do notebook à mesa de jantar, passando pelo micro-ondas, o fogão, o aparelho de DVD, a televisão, o smartphone e o armário de cozinha. A extensa lista, que inclui outros móveis e mais apetrechos tecnológicos, é a síntese da expressão “tudo ao mesmo tempo agora”, usada para descrever uma geração de pessoas que quer viver intensamente o hoje, sem desgrudar do celular, do tablet e das redes sociais.


Entre 2002 e 2012, cerca de 40 milhões de brasileiros deixaram a condição de pobreza. Com mais dinheiro no bolso e mais dignidade, eles passaram a integrar uma nova e fortalecida classe média, que está mais plural, educada e, também, conectada. Nos últimos anos, ao passo que ia colecionando novos membros, a chamada classe C foi mudando a cara do Brasil tecnológico.


O acesso à internet, em 2006, era restrito a apenas 35,3 milhões de pessoas. Seis anos depois, esse número já ultrapassa os 83,4 milhões. Não por acaso, os 48,1 milhões de novos usuários alçaram o Brasil ao posto inédito de quinto país em número de conexões à rede mundial de computadores. Atentas a esse fenômeno, as empresas com atuação no país tiveram de se adaptar. “Nós fomos à favela no Rio de Janeiro e vimos que talvez fosse um bom negócio fazer como os donos de lan house. Eles cobravam por hora, e não por dados, para o cliente acessar a internet”, lembra o diretor da TIM para a Região Centro-Oeste, Leonardo Queiroz.


Em quatro anos, o mercado de telecomunicações nacional se tornou uma máquina de fazer dinheiro. Até novembro de 2012, havia no país 260 milhões de celulares. Isso quer dizer que, a cada 100 habitantes, há 131,99 aparelhos ligados, sendo a maior parte (80,7%) de linhas pré-pagas. “Em geral, a classe C é uma grande caçadora de promoções. Por isso, é muito comum que um só consumidor tenha de três a quatro aparelhos, cada um de uma operadora, para economizar nas ligações”, conta a diretora do grupo Troiano de Branding, Renata Natacci.

 

 

Sonhos realizados

Também uma “caçadora de promoções”, Gilmaria Araújo não abre mão do smartphone, que, além de entrar na internet, comporta três chips, “todos eles pré-pagos”, conta ela. De diarista passou a panfleteira de uma rede de ensino profissionalizante. Na escola aprendeu a mexer no computador, na internet e criou gosto pela coisa. Em um mês, passou a orientadora educacional e, em seguida, agerente comercial. Hoje, com acesso a crédito e a renda mensal de cerca de R$ 1,1 mil, ela coloca os sonhos à prova. Mobiliou a casa, voltou a estudar e passou a guardar dinheiro para adquirir novos mimos, como um moderno aparelho televisor e um carro zero.


A vida de Gilmaria remete à de outros tantos milhões de brasileiros. A tecnologia faz parte também da vida do vendedor Estevão Fagundes, de 22 anos, que estuda computação gráfica e é aficionado por eletrônicos. Em casa, ele possui um verdadeiro arsenal tecnológico que vai de smartphones a tablets, passando por netbooks e notebooks. O investimento, segundo ele, é justificado pelo seu interesse nos equipamentos, mas também em avançar nos estudos e conquistar novas posições profissionais. Para isso, ele conta que consome todas as informações relacionadas a sua área de atuação e que chega a trocar de celular de dois em dois meses “para ter acesso a todas as novidades tecnológicas e estar por dentro do que acontece no mercado”. A troca da vez será por um recém-lançado iPhone 5.


Mas o investimento, segundo o rapaz que trabalha como vendedor em um shopping popular e tem salário fixo de R$ 730, tem justificativa. “Hoje, o meu curso é técnico e quero continuar estudando para fazer uma faculdade e ter minha própria agência de publicidade e marketing no futuro”, revela. “Para isso, entendo que preciso estar conectado a tudo o que surge e estudar muito. E os aparelhos me ajudam muito nisso pela mobilidade e praticidade”, completa.

Ferramentas de trabalho

Dono de sonhos grandiosos, Estevão segue uma rotina pesada em busca daquilo que os pais não conquistaram. “Meu pai estudou até a quinta série e minha mãe até o primeiro ano do segundo grau, eles não tiveram as mesmas chances que eu”, relata o rapaz. Ele destaca ainda que ter condições de comprar um ou outro equipamento eletrônico não é apenas um luxo, mas também um caminho para conquistar o que planeja. “Na internet é possível pesquisar de tudo. Até as informações que facilitam o meu trabalho e outras que podem me ajudar a aprimorar meus conhecimentos”, acrescenta.


Com perfil diferente do de Estevão, o músico Luiz Marcos Garcia Ramos começa a se entregar às tecnologias de seu smartphone e do notebook, adquirido recentemente por R$ 1,4 mil. Em breve, ele, que tem rendimentos mensais de R$ 1 mil, deve comprar outros equipamentos para finalizar seu estúdio, de onde sai parte de sua renda. “Vivo dos shows e do aluguel do estúdio. Mas preciso investir em uma webcam poderosa, modem e outros equipamentos”, conta. Para Luiz, gastar boa parte do que ganha com tecnologia virou questão de “sobrevivência”, já que para o futuro ele quer gravar um disco junto com a sua banda e fazer turnês.


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