Diante da queda dos juros e das novas regras da poupança, a caderneta e os títulos públicos passaram a render menos. Com isso, o investidor se viu obrigado a prestar mais atenção e a pesquisar. Para o brasileiro que não entende plenamente o mercado financeiro, mas deseja uma opção mais rentável e simples, os planos de previdência privada se apresentam como alternativa. Além da segurança tradicional para a aposentadoria, esse produto financeiro pode satisfazer desejos de consumo. Tanto é assim que, cada vez mais, esses planos têm sido usados como poupança para aquisição de veículos, custeio de viagens ou como forma de juntar dinheiro para dar entrada em um imóvel ou abrir um negócio.
“Aquela visão de que a previdência é somente para quem deseja um complemento na aposentadoria caiu por terra”, afirma Plínio Sales, superintendente de Produtos de Previdência da Icatu Seguros. “Qualquer das intenções do investidor pode ser satisfeita, e com vantagens, poupando pela previdência”, garante. Para Tarcísio Abreu, gerente-executivo de Previdência da Caixa Seguros, a ideia, nesses casos, é garantir a qualidade de vida. “Muitas vezes, a pessoa começa um plano sem uma definição do que vai fazer com o dinheiro, apenas com o objetivo de conseguir um futuro em que possa ter qualidade de vida.”
É o que ocorre com a consultora em finanças pessoais Maria Inês Prazeres, que há cerca de 10 anos incluiu a opção numa espécie de portfólio para proteger e fazer crescer o próprio patrimônio. “Quando o plano está adequado ao perfil da pessoa e ao seu desejo, representa mais que um simples complemento da aposentadoria. Isso explica porque os jovens têm procurado se informar sobre esses planos”, afirma.
No escritório de Inês, as consultas crescem entre clientes que completaram 20 anos. Até 2010, era o dobro a média de idade dos interessados em analisar propostas de adesão a planos de previdência que procuravam a consultora. As filhas de Inês Prazeres, Lorena, Raquel e Thays, acompanharam a mãe na escolha do investimento, mas seguem à risca os conselhos de vigiar as taxas de rentabilidade da aplicação e de buscar as melhores possibilidades de remuneração, dentro das condições acertadas pela seguradora.
Aplicação barata
Para começar, garantem os especialistas, não é preciso muitos recursos. Qualquer pessoa pode escolher o valor da contribuição e a periodicidade das aplicações. É possível, por exemplo, destinar menos de R$ 50 por mês, a depender do plano. No entender de Jurandir Macedo, consultor financeiro do Itaú Unibanco, o imprescindível é que as aplicações sejam constantes. Feita a escolha do valor a ser investido, o próximo passo é avaliar qual plano é o mais adequado. Existem no mercado duas opções: o Plano Gerador de Benefício Livre (PGBL) e o Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL). Os dois modelos têm características que os tornam competitivos em relação a outros investimentos. A maior vantagem é na tributação.
No caso do PGBL, o investidor tem a possibilidade de deduzir as contribuições do Imposto de Renda a pagar até o limite de 12% da renda bruta anual. Mas Plínio Sales, da Icatu Seguros, alerta que a modalidade é melhor para investidores que têm renda tributável e fazem a declaração de renda pelo modelo completo. Se a escolha for pelo PGBL, o beneficiário tem ainda que decidir como quer ser tributado na hora de sacar os recursos.
No VGBL, a forma de tributar é um pouco diferente. A alíquota de IR não incide sobre o saldo total, mas sobre o ganho de capital. Para Sales, esse plano é indicado para o investidor que faz a declaração do IR com formulário simplificado, ou que já atingiu o limite para as deduções nos planos PGBL. (PO)