A virada do ano não é apenas sinônimo de férias prolongadas. Para as seguradoras, o período tem sempre aumento expressivo nas vendas de apólices residenciais. O crescimento da demanda ocorre, principalmente, por dois motivos: o receio de moradores em encontrar a casa arrombada por marginais na volta das férias e o temor de que as tradicionais pancadas de chuvas nessa época do ano alaguem o imóvel ou queimem aparelhos eletroeletrônicos. Para se ter ideia, neste último quesito, o Brasil é o 13º país mais vulnerável em relação a enchentes, além de ser o 18º a acumular prejuízos econômicos em razão de chuvas – o ranking foi elaborado pela Preventionweb.
A expectativa de algumas empresas do ramo é a de que o volume de negócios cresça pelo menos dois dígitos nesse período, na comparação com a média mensal do ano. “Historicamente, há um maior número de casas vazias em dezembro e em janeiro. Os ladrões aproveitam para roubar móveis, eletroeletrônicos e todos os tipos de objetos de valor. Além disso, as chuvas e temporais trazem sobrecargas elétricas, queimando geladeiras, televisores ou qualquer eletrodoméstico ligado à rede elétrica”, alerta Alexandre Mucida, diretor da Intermezzo Seguros, cujo faturamento (prêmios diretos) no primeiro semestre de 2012 somou R$ 801,8 milhões.
O valor é 14,1% maior que os R$ 702,7 milhões registrados em igual intervalo de 2011. O executivo estima que, entre dezembro de 2012 e este mês, o volume de vendas da Intermezzo aumente 16% em relação à média mensal do ano. Na Chubb Seguros, voltada para o público de alta renda, a expectativa também é otimista, embora a empresa prefira manter o percentual de estimativa em sigilo. Os seguros residenciais também ajudará a Argo, que começou a atuar no país em 2011, a alcançar, no ano passado, R$ 90 milhões em prêmios emitidos.
Outro indicador importante para medir o desempenho do mercado de seguro residencial é a chamada sinistralidade, índice que mede a relação entre sinistros retidos e prêmios ganhos. Tal percentual caiu de 28,5% para 26,2% entre os seis primeiros meses de 2011 e 2012. No mesmo intervalo, o índice de despesas de comercialização (custos de comercialização frente aos prêmios ganhos) reduziu de 33,5% para 33,2%. Já a margem bruta (prêmios ganhos menos sinistros retidos e despesas comerciais) subiu de 38% para 40,5%, o que revela rentabilidade para as seguradoras.
TRANQUILIDADE O corretor imobiliário Alber Morais, de 40 anos, é cliente de uma seguradora que atua na capital mineira desde 2010. Ele não precisou recorrer ao serviço da contratada, mas garante que se sente tranquilo em saber que seu imóvel está protegido, pelo menos financeiramente, de uma possível ação de marginais ou de problemas gerados por pancadas de chuvas. “Busco maior segurança com o contrato. Veja: desembolso R$ 330 (por ano) e tenho uma cobertura de R$ 600 mil para o imóvel. No caso de pane elétrica ou roubo de objetos, o valor é de R$ 20 mil.”
Mas não é só o ramo seguro residencial que rende bons lucros às empresas do setor. O seguro de fretes e o de veículos também estão em alta em razão do aumento do poder aquisitivo no país.