Se no ambiente escolar janeiro é sinônimo de descanso, o mesmo definitivamente não vale para o bolso dos pais. Entre uma e outra programação de férias é preciso encarar as compras de materiais para a volta às aulas e sem uma pesquisa prévia o susto com a diferença de preços pode ser grande. A vilã deste ano é a folha de papel fantasia, que registrou variação de 500% (de R$ 0,15 até R$ 0,90) em Belo Horizonte, segundo levantamento feito entre 27 de dezembro e o dia 8 pelo site Mercado Mineiro. Entre os 82 produtos pesquisados em 14 estabelecimentos comerciais de BH é possível encontrar outras disparidades de preços entre itens básicos, como o lápis preto, que pode custar entre R$ 0,18 e R$ 1 – uma diferença de 455,56%.
O único produto que registrou um percentual de variação de apenas um dígito nos preços cobrados pelas papelarias e livrarias da cidade foi a cola branca de 500 gramas das marcas Cascolar e 3M, vendida por preços entre R$ 8,80 e R$ 9 (2,27%). Depois dela, a menor diferença é de 22,73%, referente ao pacote de 500 folhas de papel A4 branco, que pode ser encontrado por entre R$ 11,00 a R$ 13,50. Para se ter ideia, a lista média – apenas com os principais itens de uso individual e sem livros – de um aluno do 1º ano do ensino fundamental do Colégio Santo Antônio, na capital, pode sair por R$ 42,25, se comprados os itens com os menores preços, ou por R$ 59,86, caso a opção seja pelos mais caros.
Sem conforto
Os números mostram que, para quem pretende fugir dos preços mais altos, é preciso sair da zona de conforto e pesquisar. Para Feliciano Abreu, diretor do Mercado Mineiro, vale a pena filtrar dois ou três estabelecimentos com maior número de produtos com preços mais baixos e negociar os que não estão tão em conta. “Pesquisar dá um poder de negociação maior ao cliente, que tem noção dos preços cobrados no mercado e, com isso, embasa seus argumentos. Sabemos que a pessoa que se programou consegue comprar a lista de materiais por um valor 30% menor do que quem não pesquisou.”
Outra dica importante é escolher o melhor momento para fazer as compras. “Nos 12 anos em que a pesquisa de material escolar é feita pelo site, percebemos que, em função da concorrência, o ideal é esperar um pouco mais para comprar os itens da lista, até que o mercado estabeleça os preços. Não se pode deixar para a véspera, mas a última semana de janeiro parece ser a mais indicada”, explica Feliciano.
Lucas Radd, economista e planejador financeiro pessoal da WG Finanças Pessoais, concorda que o fim do mês é a época mais propícia, mas por outros motivos. “Sob a ótica do planejamento financeiro, no fim de janeiro é possível saber o que se gastou, especialmente com as despesas específicas desta época, como IPTU e IPVA. Assim, a pessoa vai estar mais atenta ao que sobrou do orçamento para os gastos com materiais e vai dar mais valor à possibilidade de poupar.” Para ele, é preciso fugir do comodismo. “Comprar o material todo em um só lugar, especialmente quando é um estabelecimento indicado pela escola ou que oferece um kit fechado de produtos, é mais prático e rápido, mas quase sempre significa pagar mais.”
A não ser que se faça como um grupo de 20 pais de alunos da escola Mundo Feliz, também em Belo Horizonte, que fizeram as compras em conjunto. Um deles é a administradora de empresas Daniela Teixeira, de 37 anos, que pagou R$ 168 pelos produtos de uma lista que custaria R$ 331 caso não tivesse negociado junto com os amigos. “Fizemos orçamentos em quatro papelarias e propusemos um desconto pela compra coletiva, além de o estabelecimento cobrir os preços dos concorrentes. Parece trabalhoso, mas não é. É só escanear a lista, mandar por e-mail para as lojas e receber os orçamentos. Vale muito a pena.”