Depois de décadas de abandono, o setor ferroviário está renascendo no Brasil. "O país está voltando aos trilhos, definitivamente, e de forma consistente", afirma o presidente da Empresa de Planejamento e Logística (EPL), Bernardo Figueiredo. Técnico de carreira no setor, Figueiredo diz que as críticas de que o ex-presidente Juscelino Kubitschek teria ativado o estopim do sucateamento das ferrovias ao dar prioridade às rodovias são equivocadas. "Se ele tivesse optado por fazer ferrovia, em vez de estradas, estaríamos travados até hoje", explica.
A menina dos olhos de Figueiredo é o Trem de Alta Velocidade (TAV), projeto do qual ele participou desde o início, ainda no fim dos anos 1990. A expectativa é que o trem-bala comece a operar em 2020, transportando passageiros entre as cidades de Campinas, São Paulo e Rio de Janeiro. O início da obra foi adiado várias vezes, o primeiro leilão fracassou, mas a nova licitação está prevista para setembro. O investimento estimado é de R$ 35 bilhões.
A seguir, os principais pontos da entrevista de Figueiredo concedida à reportagem.
Necessidade
Investimentos
O Brasil está definitivamente voltando aos trilhos, em todos os aspectos e de uma forma consistente. Os 5 mil quilômetros de trilhos que estão sendo feitos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) devem ficar prontos até 2014. Os 10 mil quilômetros que vamos contratar em 2013 devem ser concluídos até 2018 e, a partir daí, vamos entregar todo ano uma expansão do que entendemos ser uma malha mais adequada para o país. Temos hoje 28 mil quilômetros, dos quais 18 mil são subutilizados.
Regionais
As ferrovias mais antigas que cruzam trechos urbanos podem ser aproveitadas por Veículos Leves sobre Trilhos (VLT) para fazer transporte de massa. Umas podem ser usadas para turismo e outras ligar centros regionais que tenham movimentação de passageiros, com um trem de menor velocidade. As restantes precisam ser modernizadas, mudando-se a bitola, revendo-se a rampa e os raios de curvas, e incorporadas à malha nova. Na rede nova, haverá livre acesso. Ou seja, qualquer empresário que quiser organizar um serviço de transporte de passageiros, com trens que circulam a 160 km/hou 180 km/h, poderá operar e ser competitivo.