A oferta de voos internacionais nos aeroportos fora do eixo Rio-São Paulo mais que quadruplicou entre 2000 e 2012, conforme a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Embora os aeroportos de Guarulhos (SP) e do Galeão (RJ) continuem sendo as principais portas de entrada no País, a quantidade de voos semanais do Brasil para o exterior que não passam por eles saltou de 44 para 188 no período.
O propulsor desse movimento é o aumento da renda no País nos últimos anos. Diante de uma demanda potencial que justifica voos em outras praças, as companhias aéreas, especialmente as internacionais, resolveram lançar operações em destinos como Porto Alegre e Manaus. “Esses aeroportos começaram a criar um volume de passageiros que justifica mais voos internacionais”, explica o especialista em transporte aéreo Anderson Correia.
A saturação de Guarulhos potencializou o movimento. O aeroporto internacional de São Paulo recebeu 30 milhões de passageiros em 2011, acima de sua capacidade de 24,9 milhões, de acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Isso acabou empurrando voos internacionais para outros Estados.
O número de aeroportos com mais de 100 mil passageiros anuais no País mais que dobrou: passou de cinco em 2000 para 11 em 2011. O Salgado Filho, em Porto Alegre, foi o aeroporto internacional fora do eixo Rio-São Paulo que mais recebeu passageiros de voos internacionais no ano retrasado: 541.192, número ainda pequeno diante dos 3,5 milhões de passageiros internacionais do Galeão, no Rio e dos 10,8 milhões de Guarulhos. No entanto, a cidade que registrou o maior crescimento nesse período foi Brasília, com quase 50% mais viajantes no ano vindo ou indo para o exterior.
Para especialistas, essa taxa de crescimento não deve se manter por muito tempo. Depois desse salto, a tendência é que o aumento da oferta de voos internacionais pelo País se estabilize nos próximos anos, avalia o professor da Universidade de Brasília (UnB) e presidente do Instituto de Transporte Aéreo do Brasil, Adyr Silva. “Como esses mercados estavam pouco explorados, cresceram rapidamente, porém, depois, a partir de uma certa saturação, passarão a crescer bem menos do que Rio e São Paulo. Eles já devem começar a entrar nessa fase agora”, diz Silva, que já presidiu a estatal Infraero.