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Estado de Minas

Inflação da baixa renda fecha nas alturas

Custo de vida de famílias que ganham até 2,5 salários mínimos supera indicador oficial do governo e fecha 2012 em 6,9%


postado em 12/01/2013 06:00 / atualizado em 12/01/2013 07:17

Sebastiana Silva diz que o dinheiro está cada vez valendo menos (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
Sebastiana Silva diz que o dinheiro está cada vez valendo menos (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
Dona Sebastiana Maria da Silva, de 74 anos, ganha cerca de R$ 700 por mês como diarista. O marido dela e a filha estão desempregados: “Meu salário é a única fonte de renda. O dinheiro está cada vez valendo menos. Por outro lado, o preço das coisas não param de subir”. O lamento dela é respaldado pelo Índice de Preços ao Consumidor - Classe 1 (IPC-C1), medido pela Fundação Getulio Vargas (FGV) e que leva em conta a inflação das famílias com renda mensal de até 2,5 salários mínimos. O indicador acelerou de 0,44% em novembro para 0,76% em dezembro. No acumulado de 2012, chegou a 6,9%, resultado bem acima do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que ficou em 5,84% e é considerado a inflação oficial do país.

 
O IPC-C1 do ano passado superou, inclusive, o teto do IPCA, de 6,5%. Segundo a FGV, dos oito grupos de despesas que integram o cálculo do indicador, três apresentaram alta no confronto entre novembro e dezembro: alimentação (de 0,47% para 1,4%), transportes (de 0,01% para 0,34%) e despesas diversas (de 0,39% para 1,5%). Dentro desses grupos, as principais altas foram sentidas nos itens hortaliças e legumes (de -9,39% para 3,53%), tarifa de táxi (de zero para 11,27%) e cigarros (de 0,49% para 3,18%).

No acumulado do ano, a inflação dos alimentos medida pelo IPC-C1 alcançou 10,13%. O ambulante Washington Luiz Garcia, de 52, consegue ganhar entre um e dois salários mínimo por mês. Ele acompanha a evolução dos preços dos alimentos de perto, pois, como mora sozinho, no Bairro Renascença, na Região Nordeste da capital, faz as compras de casa. Assim como dona Sebastiana, reclama da alta dos preços. “O da batata, nem se fala. Era acostumado a comprar dois quilos a cada vez que vinha ao sacolão. Passei a levar para casa apenas um. Cebola e mandioca também aumentaram de preço”.

Na Ceasa Minas, o preço do tubérculo subiu 94% entre dezembro do ano passado e igual mês de 2011, de R$ 0,50 para
R$ 0,97. O chefe da seção de Informações de Mercado da central de abastecimento, Ricardo Martins, informou que no caso da batata há pelo menos duas justificativas. A primeira é que parte da produção em Minas foi vendida para outros estados. A segunda é que em 2012 houve redução na área plantada, pois no ano anterior os agricultores haviam produzido quantidade acima do normal, o que acaba, na prática, reduzindo o preço, conforme determina a regra da oferta e da procura.

 Mas não foi apenas a batata que doeu no bolso do consumidor no acumulado do ano passado. Itens como a cebola (43,5%), a mandioca (30%) e o repolho (23,6%) também subiram de preço, segundo tabela elaborada pela Ceasa.

Entre os produtos e serviços que apresentaram recuo no preço na passagem de novembro para dezembro, os destaques vão para habitação (de 0,53% para 0,42%), vestuário (de 1,05% para 0,90%), comunicação (de 0,25% para 0,03%), saúde e cuidados pessoais (de 0,43% para 0,42%) e educação, leitura e recreação (de 0,36% para 0,35%). Segundo a FGV, as principais influências para a redução partiram das tarifas de eletricidade residencial (de 1,27% para 0,72%), calçados (de 0,85% para -0,01%), tarifa de telefone móvel (de 0,81% para 0,07%), medicamentos em geral (de 0,21% para 0,05%) e passagens aéreas (de 8,88% para 5,59%).

IPC-BR A FGV divulgou também o Índice de Preços ao Consumidor - Brasil (IPC-BR), que mede a inflação para as famílias com renda mensal entre 1 e 33 salários mínimos. Nesse caso, a alta em dezembro foi de 0,66%, fechando o ano em 5,74%.

Fôlego com a conta de luz

A redução da tarifa de energia elétrica, como estabelece a Medida Provisória 579, deverá ajudar a conter a inflação para a baixa renda em 2013, mas é impossível prever se a queda do valor do megawatt/hora será suficiente para compensar outras fontes de alta de preços, segundo André Braz, economista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV). Para este ano, a expectativa é de que os indicadores de preços revelem altas, principalmente, nos preços de automóveis e eletrodomésticos de linha branca favorecidos em 2012 pela redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), cujos preços devem aumentar com o fim do incentivo do governo; e nos de cigarros, sobre os quais incidirão mais impostos.


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