A associação de mão de obra barata, ritmo menor na rotatividade de funcionários e incentivos fiscais tem criado uma onda de migração de empresas de telemarketing da Região Sudeste do Brasil para capitais e cidades-polo nordestinas, num fluxo comparável ao que ocorreu com empresas norte-americanas rumo à Índia na década passada. De olho nesse mercado, empresas do setor invadiram da Bahia ao Ceará, passando por Pernambuco e Paraíba. Em 2013, um investimento de R$ 30 milhões deve ser feito em João Pessoa para a construção de duas novas unidades da mineira AeC, criando 4,5 mil vagas.
A companhia tem atualmente duas unidades em Campina Grande (PB), com 4,8 mil contratados. Ainda no primeiro semestre, os dois novos sítios (como são chamadas as centrais de atendimento) devem ser inaugurados, quase dobrando o número de funcionários e aproximando o de carteiras de trabalho assinadas ao de Belo Horizonte. Na capital mineira está o maior número de funcionários da empresa. Fundada em 1992, hoje são 12 mil pessoas empregadas. Mas se considerada a Região Nordeste inteira, o total de empregados deve superar o de BH. A empresa negocia a abertura de quatro centrais em cidades com mais de 200 mil habitantes. Três delas devem ser inauguradas ainda este ano e uma no ano que vem.
A expansão faz parte do ambicioso projeto da empresa de quase dobrar o faturamento até 2014. No ano passado, a companhia fechou o balanço com R$ 530 milhões, enquanto a expectativa para este ano é atingir R$ 730 milhões, crescimento de 37,7%. Para 2014, a meta é superar a marca simbólica de R$ 1 bilhão. “É um número que perseguimos. No ano passado, crescemos 42%, superando a marca de R$ 500 milhões”, afirma o presidente da AeC, Alexandre Moreira. Antes de concluir o plano, no entanto, a empresa deve estar listada na bolsa de valores. Segundo Moreira, ela cumpre todos os requisitos, como ter o balanço auditado e governança corporativa. “A companhia já tem uma imagem muito bem projetada”, avalia. A listagem é uma das primeiras etapas para a abertura de capital, que ainda não tem data para ser efetivada.
A Contax, maior empresa de call center no país, com instalações em Belo Horizonte, também está presente no Nordeste, com atendimento direto de Fortaleza, Salvador e Recife. A unidade pernambucana é tida como a maior central da América Latina, com capacidade para 15 mil funcionários, e foi criada basicamente para aproveitar a maior permanência dos funcionários no emprego em comparação com os empregados da Região Sudeste. As regiões metropolitanas de Salvador e Recife lideram o ranking de desemprego, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com 6,5% e 5,7% da população desocupada em novembro, respectivamente.
Em Minas, as duas maiores cidades (Belo Horizonte e Uberlândia) concentram empresas importantes do setor.
Transporte
Outra vantagem é a redução no custo do transporte. Como os empregados precisam percorrer distância mais curtas em cidades de porte menor (e trânsito melhor) para chegar ao local de trabalho, os atrasos são reduzidos, e com isso, aumenta a produtividade. Segundo empresas do setor, a economia com transporte chega a 20% nessas localidades.