Brasília – O enfraquecimento da atividade europeia em 2012, um dos principais destinos dos produtos chineses manufaturados, fez a China registrar o pior crescimento desde 1999. A segunda maior economia do planeta cresceu 7,8% no ano passado, conforme dados divulgados ontem por Pequim. A expansão do Produto Interno Bruto (PIB) do país asiático ficou acima da meta estipulada em março do ano passado pelo governo chinês, de 7,5%, mas abaixo da alta de 9,3% registrada em 2011 e da de 10,4%, em 2010.
Para economistas ouvidos pelo Estado de Minas, o desempenho do PIB chinês ficou dentro do esperado e as perspectivas são positivas porque houve um avanço de 7,9% no PIB do último trimestre de 2012, dando sinais de que o país iniciou uma retomada no fim do ano. “Acima de tudo, a economia esteve se estabilizando”, informou o escritório nacional de estatísticas chinês no comunicado de ontem. Em 2012, o PIB chinês alcançou US$ 8,28 trilhões.
“Houve uma redução no ritmo de crescimento chinês, mas o crescimento registrado em 2012 é expressivo. Mas é importante ver que, daqui para a frente, não vamos mais presenciar aquelas altas de dois dígitos que o país apresentava antes da crise financeira global (estourada entre 2008 e 2009)”, afirmou o economista e professor de economia da Trevisan Escola de Negócios Alcides Leite. Ele estima que, neste ano, a China avançará de 7% a 9%. “Essa será a nova realidade nos próximos anos”, afirmou.
Um estudo recente da PricewaterhouseCoopers (PwC), considerado otimista por economistas brasileiros, porque aponta que o Brasil crescerá 4,4% ao ano até 2050, estima que a China terá uma expansão média de 5,8% ao ano no mesmo período. O mesmo estudo aponta o Brasil como a quarta maior economia do planeta em 2050, com a China em primeiro lugar, à frente dos Estados Unidos.
A China é hoje o maior parceiro comercial brasileiro e de mais de 70 nações pelo mundo. As exportações brasileiras para a China, no entanto, caíram quase 7% em 2012, totalizando US$ 41,2 bilhões. O saldo comercial despencou para quase a metade dos US$ 11,5 bilhões de 2011, somando US$ 6,9 bilhões, conforme dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic).
No ano passado, o país asiático se tornou, pela primeira vez, a maior origem e destino das trocas comerciais do país. Antes, era apenas o principal importador de produtos brasileiros. Os Estados Unidos, que ocupavam, historicamente, a liderança como origem das importações nacionais, passaram para a segunda posição. “A tendência é que a China permaneça nessa posição nos próximos dois anos, mas é possível que os EUA recuperem a primeira posição. O governo norte-americano vem tentando incentivar a retomada da produção para que fábricas, hoje na China, voltem para os EUA”, disse Castro, da AEB.
INDÚSTRIA RECUA Diante da recessão na União Europeia, a produção industrial chinesa desacelerou em 3,9 pontos percentuais e cresceu 10% em 2012. As vendas no varejo saltaram 14,3%, 2,8 pontos percentuais abaixo do registrado no ano anterior. Já o investimento chinês no setor imobiliário aumentou 16,2% em 2012 na comparação com o ano anterior. Esse segmento é o principal da economia chinesa, representando mais de 10% do PIB total.
Apesar de a taxa de crescimento de 2012 ser a mais baixa na China desde 1999 (quando o país avançou 7,6%), a expansão registrada no quarto trimestre (7,9%) foi bem recebida pela Bolsa de Xangai, que encerrou o pregão de ontem com alta de 1,41%. “O cenário econômico internacional continua sendo difícil este ano e a economia chinesa ainda tem desequilíbrios”, disse ontem o porta-voz do escritório nacional de estatísticas, Ma Jiantang.