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Estado de Minas

Vagas com salário atrativo fazem aposentados aceitar emprego


postado em 23/01/2013 06:00 / atualizado em 23/01/2013 07:15

Cláudio Flach (D), de 70 anos, continua na ativa e emprega 10 veteranos(foto: MARCOS VIEIRA/EM/D.A PRESS)
Cláudio Flach (D), de 70 anos, continua na ativa e emprega 10 veteranos (foto: MARCOS VIEIRA/EM/D.A PRESS)

Mercado de trabalho aquecido e salários em alta estão funcionando como um ímã que atrai os aposentados de volta para a ativa. Procurados por empresas que não estão conseguindo encontrar o profissional qualificado para o cargo, os idosos estão novamente na luta. São engenheiros de várias especialidades, assim como administradores de empresas e especialistas em vendas. Muitos nem chegaram de fato a desfrutar do merecido descanso, uma vez que aposentados continuam a trabalhar na mesma empresa.

Profissionais experientes também estão recebendo propostas para retornar ao mercado de trabalho ou trocar de emprego, é o que revela pesquisa inédita da Vagas Tecnologia, empresa especializada em consultoria e informatização da gestão de processos seletivos. Segundo o estudo, pelo menos 36% dos aposentados de sua base de dados receberam uma oferta de trabalho nos últimos três meses. “Esse é um fenômeno novo no país. A população da terceira idade continua sendo muito requisitada por sua experiência e qualificação. Com a escassez de profissionais, tem se tornado mais frequente a busca por um trabalhador com esse perfil”, explicou Fernanda Diez, gerente de relacionamento da empresa.

Cláudio Flach, de 70 anos, é presidente da Telbrax, operadora de telecomunicações, criada por ele há 10 anos. Em ótimo momento profissional, sua empresa não sentiu a crise que abalou grandes mercados ao redor do mundo e, nos últimos três anos, experimentou crescimento de 100%. Flach emprega 150 funcionários, 10 deles são veteranos entre 60 e 70 anos, que foram convidados a se juntar à equipe. “Se a chamada geração Y absorve com rapidez as mudanças tecnológicas, os mais velhos trazem o diferencial da experiência de quase cinco décadas de trabalho no setor”, observa o empresário.

O executivo, que não tem planos de parar tão cedo, explica que profissionais maiores de 60 anos desejados pelo mercado são aqueles que na bagagem trazem conhecimento qualificado e ainda o entusiasmo pelo trabalho, a vontade de vencer desafios. “O mercado mudou, antes a procura pelos mais velhos não era tão grande. Mas agora, com a oferta restrita, o profissional qualificado tem seu espaço com salários atrativos.” Segundo Flach, a remuneração para engenheiros nessa faixa etária varia entre R$ 9 mil e R$ 10 mil mensais.

Peculiaridade

O professor José Márcio Camargo, especialista na análise do mercado de trabalho, diz que o setor está muito dinâmico e os salários elevados fazem com que os aposentados percebam que têm ali uma chance que não podem desperdiçar. “Além do mais, em média, os brasileiros se aposentam muito cedo, com idade em torno de 55 anos, ou seja, em plena capacidade laborativa”, observou. De acordo com Camargo, o mercado de trabalho brasileiro tem outra peculiaridade. O aposentado que volta ao mercado de trabalho ou nele permanece não perde nem um centavo do benefício. “A aposentadoria, no Brasil é muitas vezes usada como complemento de renda, uma vez que o profissional não para de trabalhar. Em outros países, geralmente o aposentado perde uma parcela da aposentadoria se volta a trabalhar.”

Sônia Cruz, de 64 anos:
Sônia Cruz, de 64 anos: "Acho ótimo trabalhar com gerações diferentes" (foto: CRISTINA HORTA/EM/D.A PRESS)
Mais de 5 milhões estão trabalhando...

O fenômeno de voltar ao mercado de trabalho após a aposentadoria é mais forte no Brasil porque também em outros países, notadamente os europeus, a idade de aposentadoria é mais elevada, em torno de 65 anos para o homem. Segundo os últimos dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de aposentados que continuam trabalhando saltou de 3,3 milhões no ano 2000 para 5,4 milhões em 2011, um aumento de mais de 60%.

Com três diplomas de educação superior – ciências contábeis, administração de empresas e ciências econômicas –, Sônia Cruz, de 64 anos, foi gerente de vendas em uma empresa multinacional por 14 anos e esteve no cargo também em grandes organizações do país. Agora, ela voltou para o banco da escola, onde obteve certificação para atuar como corretora de vendas. Na imobiliária RE/MAX MIX, conseguiu seu novo emprego no ano passado e não lhe falta motivação. “Sou a mais velha da equipe e acho ótimo trabalhar com gerações diferentes. Aprendo com os colegas e eles também sempre me pedem opiniões. Minha experiência traz segurança. É uma troca.”

O gerente de capital humano do Mercantil do Brasil, Márcio Ferreira, diz que no atual mercado não é possível prescindir da expertise do profissional mais velho. Por isso, eles são presentes na instituição financeira e cerca de 15% daqueles que se aposentam continuam no banco, ocupando principalmente áreas administrativas que exigem análises. “Também somos abertos para recrutar qualquer faixa etária nos processos seletivos, mas a oferta desses profissionais não é tão grande”, explica. Uma das características do segmento, segundo Ferreira, é o comprometimento e responsabilidade. (VC/MC)


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