Anunciada no fim de 2010, a intenção da montadora chinesa Dongfeng, uma das maiores do gigante asiático, de fincar os pés no Brasil pode estar próxima de uma definição por Minas Gerais. Terrenos disponíveis na Grande Belo Horizonte e no Sul do estado já foram avaliados por representantes da companhia no país para a construção de uma fábrica de caminhões. O projeto prevê a instalação de uma rede de concessionárias neste ano e a fabricação local a partir de 2015, segundo informações apuradas pelo Estado de Minas. Procurada pela reportagem, a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico negou as informações.
De acordo com fontes do setor automotivo, os investimentos num empreendimento desse porte, com a possibilidade de criação de 3 mil empregos diretos, podem se aproximar de R$ 1 bilhão. É semelhante ao valor que a também chinesa Shaanxi Automobile Group (SAG) pretende desembolsar numa unidade industrial para produzir caminhões da marca Shacman em Caruaru (PE), segundo recente anúncio do governador Eduardo Campos.
Depois de vencer a briga pela fábrica da chinesa XCMG (Xuzhou Construction Machinery Group), 10ª montadora de máquinas pesadas para a construção civil, a Prefeitura de Pouso Alegre, no Sul de Minas, se antecipou à disputa pelo investimento da Dongfeng e publicou dia 3 o decreto de desapropriação de uma área de aproximadamente 1,5 milhão de metros quadrados, próxima da BR-381, que liga Belo Horizonte a São Paulo, na expectativa da decisão da montadora. A área administrativa da XCMG está funcionando no primeiro dos oito galpões que vão comportar o parque industrial, com entrada em operação prevista para julho.
O secretário de Desenvolvimento Econômico de Pouso Alegre, Raphael Prado, que preferiu não comentar as intenções da Dongfeng, disse que o município está se preparando, com a oferta de programas de qualificação de mão de obra e infraestrutura, para receber outros montadoras chinesas. Já foram anunciadas intenções de construir fábricas no Brasil pela Foton Motors, a Shlyan Yulihong e a Sinotruk. O consultor do setor automotivo Luiz Carlos Augusto diz que as montadoras chinesas, se concretizado o ciclo de investimentos prometido, terão preços competitivos e vão tentar equiparar seus produtos ao que o mercado nacional disponibiliza.
Plataforma para a América Latina
“Existe muito espaço para que elas trabalhem no Brasil e façam do país uma plataforma para alcançar o mercado latino-americano”, afirma Carlos Augusto. Raphael Prado destaca o poder de grandes empreendimentos, como o da XCMG, movimentarem a cadeia de fornecedores e prestadores de serviços da indústria. “Estamos fazendo o possível para atender todas as possibilidades de atração de investimentos. Analisamos áreas pedidas por cinco forncedores que a XCMG vai trazer para o município”, afirma.
Em Itajubá, no Sul de Minas, a expectativa é grande por investimentos das montadoras chinesas. O diretor da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg) André Gesualdi observa que a região tem uma produção importante nas áreas de mecânica, eletrônica, elétrica para transmissão e distribuição de energia e no segmento automotivo para atender esses empreendimentos e se beneficiar deles.