A falta de chuva no início do ano fez com que o preço de alimentos tivesse forte alta em Belo Horizonte, ao mesmo tempo em que os valores das passagens aéreas e outros itens do grupo transportes voltaram a decolar. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) encerrou o período com forte aceleração em relação a dezembro, passando de 0,47% para 0,71%, enquanto a média nacional variou de 0,69% para 0,88%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ou seja, apesar de a Grande BH ainda estar abaixo da média, a inflação acelerou de forma mais acentuada na região.
É a primeira vez que o indicador nacional rompe a casa de 6% desde janeiro do ano passado, se considerado o acumulado de 12 meses. Na ocasião, o IPCA-15 atingiu 6,44%. Apesar de, naquele mês, o acumulado ter sido superior ao deste janeiro, reflexo de um segundo semestre de 2011 que teve a prévia da inflação oficial sempre acima do teto da meta (6,5%), em janeiro do ano passado o índice registrou variação de 0,65%, enquanto o atual apontou 0,88%. Isso significa que 2013 já começou com forte pressão inflacionária. A estimativa dos analistas do mercado financeiro era que o indicador ficasse entre 0,71% e 0,86%, com mediana de 0,82%. Com isso, consultorias já revisaram o indicador para o mês. A equipe Itaú-Unibanco elevou a projeção de 0,85% para 0,93%.
A partir de março, um pequeno alívio deve ser sentido com a queda nos valores das contas de energia elétrica. A estimativa de queda média de 20% deve servir para segurar a esperada alta dos combustíveis. A previsão é que gasolina e óleo diesel subam 7% nos próximos meses, o que poderia resultar em forte impacto na inflação. O economista do IBGE Antônio Braz afirma que a energia tem peso de 3,5% na inflação de Belo Horizonte, enquanto a gasolina tem peso de 5,2%, mas somente com o passar dos meses será possível avaliar os efeitos futuros na cadeia produtiva. “De imediato, na média, deve melhorar. Mas é preciso ver o impacto disso nas cadeias. Com aumento dos combustíveis, por exemplo, todo produto transportado por caminhão tende a subir”, afirma.
Na Grande BH, entre os nove grupos medidos, dois tiveram aumento bem acima das outras 10 regiões que compõem o índice: o dos transportes e o de alimentação e bebidas. Juntos, os dois têm peso de 40,8% sobre o indicador. Os grupos habitação e despesas pessoais também tiveram importantes altas, de 0,98% e 0,88%, respectivamente.
Dentro do grupo transportes, o item transporte público foi responsável pela maior alta (3,28%). A variação foi motivada pelo crescimento conjunto do custo das passagens aéreas (13,15% de alta) e dos ônibus urbanos (3,02%) e intermunicipais (3,07%). Com isso, BH teve a maior alta do país na categoria transporte público, que, na média, subiu 1,12%. A variação quase três vezes menor no
No que diz respeito à alimentação, a falta de chuvas nas últimas semanas fez com que frutas e legumes pressionassem o índice. O preço da melancia subiu 16,06%, o da abóbora 8,32% e o do tomate 4,55%. Mas outros produtos também sofreram forte alta, como o feijão (rajado), que teve aumento de 5,78%.
Futuro
O consumidor pode contar com a pressão do dragão nos próximos meses. Em fevereiro, o índice vai sofrer o efeito da alta do salário mínimo; até junho, em conta-gotas, termina o desconto do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para veículos novos e a alta dos combustíveis também deve vir a qualquer momento.
Apesar de o conjunto despesas pessoais ter sido um dos que mais contribuíram para a elevação do IPCA-15, itens com peso significativo no indicador tiveram retração, como os gastos com empregadas domésticas e costureira, com redução de 1,18% e 0,89%, respectivamente. O economista do IBGE Antônio Braz considera que a única certeza sobre os aumentos é de que deve haver alta no quesito despesas pessoais no mês que vem, tendo em vista que será feito o pagamento do mínimo. “Os preços dos automóveis serão retomados aos poucos, havendo margem de manobra para negociação”, avalia Braz.