A Autoridade de Estatísticas do Reino Unido, órgão independente do governo, foi convocada a analisar se o primeiro-ministro do país, David Cameron, enganou o público na quarta-feira, quando disse que o governo estava reduzindo sua dívida, apesar de números oficiais mostrarem que ela continua crescendo.
Cameron fez o comentário durante um pronunciamento do seu Partido Conservador que marcou a metade do mandato de cinco anos da coalizão do governo. "Apesar de este governo ter tido que tomar decisões difíceis, estamos progredindo", disse ele. "Estamos reduzindo a dívida do país, insistindo na excelência em nossas escolas, fazendo o que é certo para o Reino Unido no longo prazo."
Após o pronunciamento, Rachel Reeves, porta-voz do Partido Trabalhista, de oposição, registrou uma reclamação oficial na Autoridade de Estatísticas. "Essa não é a primeira vez que ministros do governo fazem afirmações como essa sobre a dívida nacional. Isso sugere que o Partido Conservador pode estar deliberadamente enganado o público sobre essas estatísticas", disse ela.
O Escritório para Estatísticas Nacionais (ONS, na sigla em inglês) publicou um relatório na terça-feira que mostrava que a dívida pública do país estava em 1,1 trilhão de libras esterlinas (US$ 1,74 trilhão) em dezembro do ano passado, cerca de 70,7% do Produto Interno Bruto (PIB). Quando o atual governo chegou ao poder no segundo trimestre de 2010, a dívida era consideravelmente menor, de 811 bilhões de libras, ou 55,3% do PIB. No entanto, nesse período, o déficit orçamentário caiu 25%.
O porta-voz de Cameron afirmou hoje que o premiê conhece bem a diferença entre dívida e déficit. "O que ele quis dizer é que o governo está tomando decisões difíceis para lidar com a crise econômica que herdou e está fazendo progresso no sentido de reduzir o déficit", disse. As informações são da Dow Jones.