Em seu primeiro discurso ao Parlamento desde que tomou posse, o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, lembrou o Banco do Japão (BoJ) que ele agora é responsável pela meta de inflação de 2%. Com isso, Abe marca a dura posição que o novo governo está tomando para obter do banco central o compromisso para derrotar a persistente queda dos preços.
As observações de Abe, que vêm após o BoJ e o governo concordarem, na semana passada, com uma meta de inflação de 2%, são um sinal de que a pressão política por uma maior flexibilização monetária deve continuar, apesar das crescentes preocupações internacionais de que o Japão está se voltando para uma política que visa desvalorizar o iene.
"É vital que o governo e o BoJ se comprometam a colocar em ação a declaração conjunta, na qual o BoJ incluiu atingir o preço-alvo de 2%, o mais rápido possível", afirmou Abe, na sessão ordinária do Parlamento.
Os comentários do primeiro-ministro sublinham uma lacuna em pontos de vista entre o governo e o BoJ. Na sexta-feira, o presidente do banco central, Masaaki Shirakawa, alertou que o crescimento econômico com inflação de 2% pode ser difícil de alcançar e que ele não saberia dizer como uma economia há tanto tempo perseguida pela deflação iria responder aos aumentos de preços.
Em seu discurso, Abe destacou a força do iene e a deflação como as causas da queda prolongada da economia. "A maior e mais urgente tarefa para o nosso país é reavivar a economia", disse. "Dos muitos desafios que enfrentamos, porque eu me importo mais com a recuperação econômica? Isso é porque eu acredito que a deflação prolongada e o iene forte estão minando a base da confiança desta sociedade."
O iene caiu mais de 10% em relação ao dólar nos últimos dois meses. Na sexta-feira, o dólar esteve cotado a 91,20 ienes. Às 3h55 (horário de Brasília) de hoje, contudo, o dólar estava cotado a 91,00 ienes, ligeira queda de 0,08%.
Embora seu Gabinete tenha aprovado um pacote de gastos de 13,1 trilhões de ienes no início deste mês, Abe se comprometeu a alcançar um orçamento equilibrado e restaurar a condição fiscal do país "a médio e longo prazo". Com uma dívida pública mais de duas vezes superior ao PIB, o Japão é o país industrializado mais fortemente endividado do mundo.
No campo da diplomacia, Abe disse que vai procurar reconstruir laços com os EUA e também se comprometeu a reforçar a segurança de ilhas remotas do país, numa referência à disputa com a China sobre uma série de ilhotas no Mar da China Oriental.