A decisão da Petrobras de não marcar uma nova rodada de negociação, após a paralisação nacional de 24 horas deflagrada domingo pelos petroleiros, levou a liderança do movimento a pregar a realização de uma greve geral por tempo indeterminado, com a interrupção da produção de petróleo em alto-mar e do trabalho nas refinarias.
A companhia informou ontem não haver novas discussões marcadas com as duas entidades que representam os trabalhadores da indústria do petróleo: a Federação Única dos Petroleiros (FUP) e a Federação Nacional dos Petroleiros (FNP). Em nota, a Petrobras assegura que "continua aberta à negociação com as entidades sindicais para que as partes cheguem a um entendimento" a respeito do plano de Participação nos Lucros ou Resultados (PLR) referente a 2012.
"A Petrobras apresentou, em dezembro, proposta para pagamento de antecipação da PLR de 2012. A proposta adota os mesmos critérios utilizados em anos anteriores para a antecipação, considerando os resultados das empresas do Sistema Petrobrás nos três primeiros trimestres de cada ano", diz a nota.
Os petroleiros reivindicam modificações nos critério de distribuição de lucros e aumento nos porcentuais de remuneração da PLR. O impasse levou a categoria a interromper o trabalho anteontem, numa espécie de greve de advertência que pode ter servido de preparativo para uma paralisação mais ampla.
"Faremos nossa plenária nos próximos dias. A da FUP será amanhã (hoje). Vamos marcar a greve por tempo indeterminado. Duvido que a Petrobras queira isso. Será para breve porque a categoria está agoniada, está desesperada. A greve será com parada de produção. Sem parada, não tem sentido", disse ao Estado o sindicalista Emanuel Cancella, secretário-geral da FNP e do Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro (Sinpetro-RJ).
Pela internet, a FNP, no principal texto de ontem de seu site, avisa: "Greve de 24 horas manda recado pra Petrobrás: sem negociação, é greve por tempo indeterminado". "Por enquanto, a mobilização foi apenas um alerta à intransigência da Petrobrás, mas o recado está dado: sem negociação, iremos à greve por tempo indeterminado. E a probabilidade de parada de produção está em pauta", acrescenta a entidade no comunicado.
Embora tida como entidade antenada às decisões do governo do PT, a FUP também ameaça defender a greve geral dos petroleiros. Hoje a federação reúne as lideranças de seus 12 sindicatos para a avaliar a paralisação de segunda-feira e debater os próximos passos do movimento reivindicatório. "Os sindicalistas não descartam a realização de uma greve por tempo indeterminado, caso não haja avanços nas negociações com a Petrobrás e o governo", divulgou a entidade.