O Brasil já não exporta para a China como em anos anteriores. Porém, está encontrando uma alternativa comercial em outros países asiáticos - “pequenas Chinas dentro da Ásia”, segundo o economista e diretor de Relações Internacionais da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, Roberto Gianetti da Fonseca. A Índia, sobretudo, passou a ocupar posição relevante nos negócios do Brasil com o continente. Mas também melhorou o comércio com Cingapura, Hong Kong, Formosa, Tailândia, Indonésia e Filipinas.
Estudo exclusivo do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV) aponta que, de 2009 a 2011, vinha crescendo o superávit da balança brasileira com a China, enquanto o saldo era deficitário com os demais países asiáticos. Esse cenário passou a mudar em 2012, quando a exportação para a China caiu 7% em relação a 2011, ao mesmo tempo que as vendas para os países asiáticos, com exceção da China e do Japão, cresceram 14,1%.
Do lado da importação, o retrato é semelhante: a contribuição chinesa para a balança brasileira evoluiu menos do que a dos demais asiáticos. Compramos 4,4% mais da China do que no ano anterior, enquanto as compras do segundo grupo caíram 8,6% - o que favorece a balança comercial do País. “Para explicar esse resultado, o desempenho das commodities é importante”, ressaltou Lia Valls, economista do Ibre/FGV responsável pela pesquisa. Enquanto o comércio com a China foi prejudicado pela retração das vendas de minério de ferro, para os demais países prevaleceu a matéria-prima agropecuária e petróleo.
Apenas a Índia passou a comprar 74,2% mais do Brasil. “Este não é um cenário conjuntural. É um espaço que está sendo conquistado há alguns anos”, avaliou Gianetti, acrescentando que o petróleo também tem ocupado espaço de destaque com a Ásia. “A Petrobras deve estar com um preço favorável. E a qualidade do petróleo influencia. Provavelmente, o produto nacional casa com o perfil das refinarias asiáticas”, complementou.