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Estado de Minas

Postos da capital elevam gasolina em até 6%

Ministro estima em 4% repasse de alta de preços nas refinarias, mas em algumas bombas de Belo Horizonte alta fica próxima aos 6,6% autorizados pelo governo para a Petrobras


postado em 31/01/2013 06:00 / atualizado em 31/01/2013 07:39

Em um posto na Avenida do Contorno ontem pela manhã os clientes abasteceram com o preço antigo de R$ 2,639, mas à tarde valor do litro do derivado do petróleo foi reajustado em 6,06% e passou para R$ 2,799(foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)
Em um posto na Avenida do Contorno ontem pela manhã os clientes abasteceram com o preço antigo de R$ 2,639, mas à tarde valor do litro do derivado do petróleo foi reajustado em 6,06% e passou para R$ 2,799 (foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)

 

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou nessa quarta-feira que o aumento dos combustíveis para o consumidor deve ser de 4%, mas os postos de Belo Horizonte que reajustaram o preço do litro da gasolina não levaram em conta a estimativa e em alguns estabelecimentos o repasse foi próximo ao reajuste de 6,6% nas refinarias, como o Posto Pica-Pau, no Barro Preto, Região Centro-Sul de BH. O litro da gasolina comum passou de R$ 2,639 para R$ 2,799, uma alta de 6,06%. Outros estabelecimentos preferiram esperar o movimento dos concorrentes ou a chegada de uma nova remessa de combustível, já reajustado, para definir qual será o percentual de aumento – inclusive o repasse do diesel, que subiu 5,4% nas refinarias.

O ministro projetou um repasse meno por acreditar que os estabelecimentos considerariam a mistura do etanol à gasolina. O ministro frisou que o aumento é inferior à inflação e lembrou que, de 2006 a 2012, o preço da gasolina subiu 6%. “É uma elevação modesta perto daquilo que aconteceu com o preço da gasolina, uma pequena correção que não vai atrapalhar ninguém.” A maior parte dos postos pesquisados pelo Estado de Minas, porém, optou por um reajuste na casa dos 5% para a gasolina e de 4% para o diesel.

No Posto Quick, no Bairro Padre Eustáquio, Região Noroeste, a alta da gasolina foi de 5,68%. Se tivesse chegado meia hora antes, o representante comercial Mário Antônio Filho, de 67 anos, teria abastecido o carro com o preço antigo, de R$ 2,639. “Com esse aumento, vou passar a gastar cerca de R$ 500 ao mês com gasolina. O país não precisa desse reajuste”, reclamou. Perto dali, no Posto Olimar, também na Avenida Tereza Cristina, o aumento foi de R$ 5,26% – de R$ 2,659 para R$ 2,799. O técnico mecânico Gabriel Luiz de Souza de 61, pagou R$ 100 por 35,32 litros de gasolina. No preço antigo, com esses R$ 100, conseguiria 37,60 litros. “Ainda não parei para calcular o impacto disso, mas considero um reajuste justificado.”


Até o fim da tarde dessa quarta, Rubem Cassiano, gerente do Posto Pica-Pau, ainda não sabia ao certo a reação dos consumidores quanto ao aumento de pouco mais de 6%. “O reajuste ainda está muito recente e, de qualquer forma, os clientes já estavam esperando, só não sabiam quando e quanto. Eu mesmo estava aguardando um aumento de 7%.” De olho nessas respostas, alguns postos preferiram aguardar mais um dia. Marílio Alex, gerente do Posto Júpiter, da Rede Setee, espera um posicionamento da diretoria. “A rede é de São Paulo e nos pediu para mandarmos a média de reajustes dos postos que ficam aqui na região. Amanhã (hoje) a gente deve ter uma resposta sobre os novos preços.”

A Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (Siamig) aguarda essa definição da alta de preço da gasolina nas bombas para saber se o abastecimento com etanol se tornou mais competitivo. Para que isso ocorra, o derivado da cana precisa custar 70% do preço da gasolina. Em Minas Gerais, a média até agora era de cerca de 75%. Os postos que já reajustaram os preços ainda não recalcularam esse percentual, mas, pelo menos no Posto Pica-Pau, o índice só chegou a 71%.

A gasolina tem peso de quase 4% na inflação da capital, mas o reajuste de preço não deverá trazer impactos no índice mensal, avalia Wanderley Ramalho, economista e coordenador de pesquisa e desenvolvimento da Fundação Ipead. “Vai coincidir com o impacto negativo da energia elétrica, com isso deve empatar”, diz. A energia elétrica tem peso de 3,3% na inflação. Apesar de a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) ter informado a aprovação preliminar de reajuste de 11,23% de tarifa residencial da Cemig, depois do corte de no mínimo 18,14% das contas definido para os consumidores da concessionária, Ramalho acredita que não haverá impacto na inflação, já que a redução no custo da energia vai ficar entre 7% e 8%. “Vai ficar elas por elas”, diz.

Frete mais caro
Em relação ao diesel, os sindicatos prevêem que a alta do preço reflita em torno de 3% nos fretes das transportadoras. O reajuste já começou a ocorrer desde ontem, mas alguns contratos vão ser negociados individualmente, segundo a Federação das Empresas de Transporte de Cargas do Estado de Minas Gerais (Fetcemg). O impacto da alta de preço, segundo Vander Francisco Costa, presidente do Fetcemg, vai acontecer de acordo com o tipo de transporte que vai ser realizado. “Para o carreteiro autônomo, esse reajuste deve ficar entre 2% e 4%”, ressalta Costa. Como o custo da mão de obra é menor, o do óleo diesel costuma ser mais alto.

O presidente do Fetcemg aposta em nova alta do diesel nos próximos dias, em função da taxa de repasse do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS). “A alta costuma acontecer depois do aumento do óleo diesel”, diz. O presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas de Minas Gerais (Setcemg), Sérgio Pedrosa, alega que a margem de lucro das empresas de transporte é baixa, em torno de um dígito. ”O aumento de custo de 3% para as empresas de transporte é muito significativo. Esse valor não pode demorar a ser repassado”, diz.

Etanol para aliviar pressão

Brasília – O governo federal vai elevar a parcela de etanol na mistura da gasolina, dos atuais 20% para 25%, a partir de 1º de maio, como uma forma de atenuar o impacto do reajuste dos combustíveis ao consumidor. O estímulo às usinas de cana-de-açúcar veio acompanhado de um aviso do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão: aumentos “abusivos” de preços da gasolina nos postos de combustíveis serão fiscalizados “com rigor”. “O aumento de preços foi de 6,6% nas refinarias, então não pode chegar a 10%, por exemplo, nos postos. O mercado é livre, mas não pode se exceder. O governo vai fiscalizar com rigor”, disse Lobão, depois de uma reunião com representantes do setor sucroalcooleiro e o ministro da Fazenda, Guido Mantega.

O governo já tinha decidido elevar a parcela de etanol na gasolina quando definiu reajustar os preços da própria gasolina e do óleo diesel. A sinalização anterior da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) era de que o aumento do etanol na gasolina ocorreria em 1º de junho deste ano, mas Mantega e Lobão decidiram antecipar em um mês o cronograma. As empresas apresentaram aos ministros a estimativa de que a safra de cana deste ano, cujo auge da colheita ocorre entre junho e agosto, representará uma produção de até 27 bilhões de litros de álcool.

“O setor produz cerca de 22 bilhões de litros por safra, mas os produtores garantiram de mãos juntas que serão capazes de suprir a demanda”, afirmou Lobão, segundo quem o governo vai “empurrar de volta para 1º de junho” a entrada em vigor da nova parcela de etanol na gasolina caso os produtores sejam incapazes de cumprir a promessa. De acordo com o ministro de Minas e Energia, mais medidas de estímulo ao setor de etanol estão em estudo, como a desoneração de tributos. A equipe econômica trabalha num plano de redução do PIS/Cofins cobrado das usinas, medida que pode ser anunciada ainda neste primeiro trimestre.

Além de incentivar o etanol, o governo também espera que essas medidas tenham como efeito direto a redução do preço da gasolina nas bombas dos postos de combustíveis no país. O governo federal descarta novos reajustes em 2013.

Dólar Depois do encontro, Mantega, reafirmou ontem que o câmbio brasileiro é flutuante. "Sempre dissemos isso. O que interessa é que o câmbio tenha estabilidade e não haja muita volatilidade, porque isso atrapalha o exportador e o importador", afirmou. O ministro declarou ainda que o câmbio não é instrumento para baixar preços e frisou que “o câmbio não vai derreter”.


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