A agência de classificação de risco Standard & Poor's divulgou nesta terça-feira um comunicado no qual afirma que vai se defender vigorosamente das acusações injustificáveis feitas pelo Departamento de Justiça (DoJ, na sigla em inglês) do governo dos EUA. A administração norte-americana acusa a empresa de fraude nos ratings atribuídos a títulos lastreados em hipotecas antes da eclosão da crise financeira, em 2008.
"O DoJ e alguns Estados abriram processos civis sem mérito contra a S&P, questionando alguns dos nossos ratings para obrigações de dívida colateralizadas (CDOs, na sigla em inglês) em 2007, e o modelo subjacente para ratings de títulos lastreados em hipotecas residenciais (RMBS, em inglês). As acusações de que nós deliberadamente mantivemos os ratings altos quando sabíamos que eles deveriam estar mais baixos simplesmente não são verdade", diz o comunicado.
"Nós vamos nos defender vigorosamente contra essas acusações injustificáveis. A S&P sempre esteve comprometida em servir aos interesses dos investidores e de todos os participantes do mercado, ao fornecer opiniões independentes sobre o perfil de crédito, baseadas nas informações disponíveis. Em todas as épocas nossos ratings refletiram nossos melhores julgamentos sobre os RMBSs e as CDOs em questão. Infelizmente a S&P, assim como todos os outros, não previu a velocidade e a severidade da crise que estava por vir e como a qualidade de crédito seria afetada", acrescenta o texto.
A S&P afirma que lamenta profundamente que os ratings atribuídos para as CDOs em 2007 não tenham tido o desempenho esperado. Segundo a empresa, o julgamento atual sobre o que aconteceu na época não pode ser usado como base para um processo judicial contra "as opiniões honestas dos nossos profissionais". "O fato é que os ratings da S&P foram baseados nos mesmos dados sobre hipotecas subprime disponíveis para o restante do mercado - incluindo autoridades do governo dos EUA que, em 2007, afirmaram publicamente que os problemas do mercado subprime pareciam ser localizados", diz o comunicado. A agência diz ainda que as mesmas CDOs analisadas por ela receberam avaliações semelhantes de outras empresas privadas.
A agência revela também que houve um acalorado debate interno sobre quão rapidamente a deterioração no mercado imobiliário poderia afetar as CDOs, "e nós aplicamos o julgamento coletivo do nosso sistema baseado em comitês, de boa fé". Segundo a S&P, os e-mails citados na acusação do DoJ foram tirados de contexto, são contrariados por outras evidências e não refletem a cultura, integridade e modo de agir da empresa.