A política do governo em relação ao preço dos combustíveis deve mudar, conforme sinalização do ministro da Fazenda, Guido Mantega, ao admitir nesta terça-feira a jornalistas que a tendência será acompanhar mais de perto os preços do petróleo no mercado internacional. "O preço da gasolina tem que ter uma correlação com o preço do barril de petróleo internacional, porque é o preço que a Petrobras paga quando importa derivados", afirmou. "Nós procuraremos estar mais colados à variação de preços do barril de petróleo lá fora para que não haja, digamos, nenhum prejuízo para a Petrobras."
O ministro, no entanto, evitou dizer quando um novo reajuste para os combustíveis deva ser concedido. "Nós acabamos de dar um aumento para a gasolina, portanto não me parece oportuno falarmos de um novo aumento", afirmou. Ele também se esquivou de avaliar se o reajuste foi "insuficiente". Mais cedo, a presidente da companhia, Maria das Graças Foster, afirmou que os reajustes não foram suficientes para eliminar a defasagem de preços em relação ao mercado internacional. "Isso vocês têm de perguntar a ela."
Mantega disse ainda que o preço da gasolina subiu "bastante" nos últimos cinco anos para a Petrobras, mas não para o consumidor. "O governo usou a Cide para neutralizar", afirmou. "O preço da gasolina nos últimos cinco anos para o consumidor cresceu menos que a inflação. O consumidor foi beneficiado. Mas, para a Petrobras, subiu mais que o IPCA (indicador oficial da inflação no País)."
Segundo ele, o problema para a Petrobras foi que o preço do petróleo no mercado internacional subiu ainda mais. "Então, houve um descolamento entre o preço pago para importar gasolina" admitiu. "Estaremos atentos para que haja, digamos, uma proximidade maior do aumento da gasolina em relação ao preço dos derivados."
Mantega não fez comentários sobre a queda das ações da companhia. Neste pregão, na Bovespa, as ações ordinárias da estatal tombaram mais de 8%. "É renda variável, isso costuma acontecer, uma hora cai", afirmou. "Às vezes o fator é externo." O ministro evitou comentar a política de distribuição de dividendos da companhia. "Eu não falo pela Petrobras. Quem fala é a presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, e os demais membros da diretoria", afirmou.