Victor Martins
Mesmo com o desconto na tarifa de energia elétrica, a inflação não cedeu como o esperado. O primeiro indicador de fevereiro, o Índice de Preços ao Consumidor – Semanal (IPC-S), apresentou 0,88% de alta. O número é 0,13 ponto percentual menor que o registrado anteriormente, porém, ainda é considerado elevado. Segundo especialistas, o Banco Central e o restante da equipe econômica estão sob fogo cruzado, pressionados pelo mercado, pela sociedade e até mesmo por integrantes do governo temerosos de que a inflação tire pontos da presidente Dilma Rousseff no caminho para a reeleição. O clima na Esplanada dos Ministérios é cada vez mais tenso.
Carlos Kawall, economista-chefe do banco J. Safra, explica que a tendência é de que a inflação continue a incomodar mais intensamente até meados do ano, quando deve ultrapassar o limite de tolerância. “Nesse período, qualquer choque de oferta pode nos colocar em situação difícil e obrigar o BC a subir juros. Estamos com uma margem de manobra reduzida no combate inflacionário”, ponderou. O próprio governo já admitiu que o cenário é difícil para o controle da inflação. Para evitar jogar por terra uma das promessas do governo Dilma, o menor juro básico da história, a equipe econômica tem pedido mais tempo para a sociedade e está disposta também a promover mais desonerações que possam ajudar a controlar preços.
CÂMBIO Para o mercado, o governo vai apostar também em um dólar mais baixo e com menor oscilação no decorrer de 2013 para facilitar a importação de máquinas e equipamentos e de bens de consumo, uma alternativa que pode diminuir o ímpeto da inflação. O mais difícil para a equipe econômica, entretanto, tem sido controlar os salários e o impacto da expansão da renda sobre os serviços. Parar essa inflação, explicam os economistas, é possível apenas com uma alta de juros e uma redução do ritmo de crescimento do país, uma situação indesejada pelo mercado e pelo governo, por enquanto. “A inflação está disseminada e, em algum momento, pode exigir um ajuste por parte da política monetária”, avalia Kawall.
Diesel subiu mais
A maioria dos combustíveis sofreu aumento significativo de preço em fevereiro, em relação a dezembro do ano passado. Foi o que constatou a pesquisa realizada pelo Procon da Assembleia Legislativa de Minas Gerais em 77 postos de combustíveis, entre 5 e 6 de fevereiro, na capital. O diesel foi o combustível que mais teve aumento: 4,78% no preço médio. Em segundo lugar ficou a gasolina aditivada, com 4,63% de aumento. De acordo com o levantamento, foram constatadas variações de preços entre os estabelecimentos das várias regiões de Belo Horizonte. A maior delas foi no preço da gasolina aditivada, na Região Centro-Sul, 6,80%, seguida do etanol, na Região Norte, 6,42%, da gasolina comum, na Região do Barreiro, 6,06%, e do diesel, na Região Oeste, 5,51%.
Pesquisa do site Mercado Mineiro publicada pelo EM no dia 5 indicou alta média de 4,25% na gasolina em Belo Horizonte, entre 4 de janeiro e 1º de fevereiro. No levantamento por região da Grande BH, o menor preço médio foi encontrado em Contagem (R$ 2,807) e o maior valor médio na Região Sul de Belo Horizonte (R$ 3,014).