Na briga com os agressivos fornecedores chineses de componentes eletroeletrônicos para a construção civil, as indústrias do Vale da Eletrônica mineiro, no Sul do estado, vão propor acordo de venda direta das fábricas às construtoras que atuam em Minas Gerais. Além de oferecer preços mais vantajosos, ao eliminarem o trânsito dos produtos nas distribuidoras e depósitos até chegarem aos canteiros de obras, os fabricantes do polo de Santa Rita do Sapucaí darão garantia de três anos e assistência técnica permanente. A estratégia será apresentada às construtoras na terça-feira, 19, em encontro marcado na Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg).
O Sindicato das Indústrias de Aparelhos Elétricos, Eletrônicos e Similares do Vale da Eletrônica (Sindvel), à frente da investida das empresas, prepara rodadas de negócios de representantes de 150 construtoras com as 32 empresas do polo industrial que já oferecem itens para o setor, informou ontem o presidente do Sindvel, Roberto Souza Pinto. São mais de 300 itens, entre eles chicotes elétricos, interruptores eletrônicos , microcâmeras de segurança, alarmes com e sem fio e acessos de elevadores. “A estratégia dará mais competitividade às nossas indústrias, que poderão se aproveitar do grande crescimento da construção civil no país”, afirma o industrial.
Os serviços associados à venda direta representam fortalecem os fabricantes mineiros diante dos concorrentes da China, observa Roberto Souza. As empresas do Vale da Eletrônica começaram há três anos a diversificar a oferta de produtos, com foco na construção, que passou a responder por quase 40% do faturamento do polo industrial, estimado em R$ 2,1 bilhões no ano passado. Elas miram, especialmente, o fornecimento para construções populares, contando com a expansão da demanda do Minha casa, minha vida e dos programas estaduais.
A Companhia de Habitação do Estado de Minas Gerais (Cohab Minas) confirmou presença de equipes de técnicos no encontro e tem interesse em discutir o acordo com pequenas e médias construtoras que prestam serviços ao programa do estado de construção de moradias populares. Segundo o presidente da companhia, Octacílio Machado Júnior, a intenção é conhecer melhor a tecnologia usada na produção do polo de Santa Rita do Sapucaí, do ponto de vista de ganhos de escala na compra de grandes volumes de material de qualidade e da otimização de mão de obra.
De olho na copa
“Quanto mais rápido trabalharmos na produção das casas, com segurança e confiabilidade para os moradores, será melhor para o cumprimento das metas”, afirma Machado Júnior. A Cohab Minas prevê a construção de até 15 mil moradias no estado neste ano, por meio de convênio com o Banco do Brasil. A estimativa representa mais que o dobro da média anual, de 5,5 mil imóveis nos últimos anos. A expansão da construção civil no país tem despertado as indústrias do Vale da Eletrônica, que formam um grupo de 150 empresas, de acordo com o Sindvel.
A aliança com as construtoras abre um espaço valioso para os fabricantes mineiros, tendo em vista a dependência de uma cadeia de distribuidores e dos depósitos varejistas para disputarem o mercado de material de construção. Para Roberto Souza Pinto, 2013 será um período especialmente promissor para o segmento, diante não só do déficit habitacional do país como também das obras necessárias para preparar o Brasil para a Copa do Mundo de 2014.