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Estado de Minas

Mantega abre as portas para aumento dos juros

Ministro da Fazenda diz em Moscou que para controlar a inflação o governo usa a Selic e não o câmbio e taxas futuras sobem. Banco Central intervém para conter queda do dólar


postado em 16/02/2013 06:00 / atualizado em 16/02/2013 07:21

Brasília – O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou, ontem, que o dólar não é a ferramenta adequada para controlar a inflação. “O instrumento é juro”, disse em entrevista a agências internacionais. O ministro tentou desfazer a ideia de que o Banco Central tem usado a cotação da moeda como uma âncora para segurar a carestia. A fala de Mantega ocorreu pouco antes da reunião de ministros de finanças do G-20, na Rússia. No mercado brasileiro a reação foi imediata, analistas e operadores entenderam a declaração como uma mudança de discurso que tira qualquer trava do Banco Central nas próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom), ou seja, os juros podem subir.

Caso o Banco Central eleve os juros básicos (Selic), as famílias sentirão a medida de diversas maneiras. Segundo os economistas, os empréstimos e financiamentos ficariam mais caros; as taxas cobradas nessas operações subiriam e, além disso, uma alta da Selic poderia ainda diminuir o ritmo de crescimento do país. Por outro lado, a inflação diminuiria ou cresceria menos, abrindo mais espaço no orçamento familiar.

Para Matenga, o dólar chegou a uma cotação de equilíbrio, que não atrapalha o setor produtivo e, ao mesmo tempo, estimula investimentos. O ministro aproveitou a ocasião ainda para reforçar a ameaça de que o governo não aceitará qualquer flutuação “fora do padrão”. “O meu recado é o mesmo, não tem nenhuma novidade, é cambio com flutuação e vigilância”, disse. Na quinta-feira o mercado parece ter chegado a esse valor considerado fora do padrão, bateu em R$ 1,95 e a tendência era de cair ainda mais, os investidores testavam qual seria o limite de tolerância para esse recuo.

A resposta veio nessa sexta-feira com uma intervenção da autoridade monetária. Pela manhã, a instituição fez um leilão de swap cambial reverso, o equivalente a compra de dólares no mercado futuro. Quando o BC faz esse tipo de operação, na prática, ele força uma subida do dólar, o que funcionou no pregão de ontem. A divisa fechou o dia com alta de 0,41%, cotada a R$ 1,966 na venda. “Esse governo não vai fazer âncora cambial, no máximo remou nessa direção”, disse José Francisco de Lima Gonçalves, economista-chefe do Banco Fator. “As declarações de Mantega sugerindo que o BC tem que atuar nos juros mexeram com os mercados. Isso mostra que o governo poderá elevar os juros novamente”, afirmou Sílvio Campos Neto, economista da consultoria Tendências. Na visão dos analistas, as declarações do ministro e de outras autoridades indicam ainda que o governo quer um dólar estável, com pouca oscilação para cima ou para baixo.

Mercado reage A declaração do ministro da Fazenda fez ainda o mercado apostar em uma possível alta da Selic já a partir de maio deste ano. Ontem, nos pregões financeiros, os mais importantes contratos de juros futuros fecharam em alta. O entendimento dos analistas econômicos é de que a declaração foi uma sinalização de que o Banco Central terá autonomia para subir juros se assim julgar necessário. “A leitura da fala do ministro é a de que o governo está realmente mais preocupado com a inflação, e que, se necessário, o Banco Central terá carta branca para elevar os juros em 2013”, disse o estrategista-chefe do Banco WestLB, Luciano Rostagno.

Um dos principais parâmetros utilizados pelo mercado para prever o comportamento dos próximos meses da Selic, os contratos de juros com vencimento em janeiro de 2014 encerram ontem o dia negociados a 7,62%. Apenas como comparação, um dia antes, na quinta-feira, o preço médio acordado por esses papéis era de 7,39%, uma diferença de 0,23 pontos percentuais. “Não há como dissociar esse movimento da fala do ministro (Mantega)”, opinou o economista sênior da Austin Rating, Felipe Queiroz.

Em tese, os contratos futuros são negociados por empresas e bancos que querem se proteger de possíveis variações de juros ou do dólar. Na avaliação de técnicos do governo, porém, boa parte dessas negociações futuras tem como único objetivo proporcionar ganhos aos “apostadores” do mercado. “Passamos muito tempo discutindo por que os juros no Brasil eram tão altos. Agora que estão em patamares mais civilizados, a reclamação é outra, que os juros estão baixos demais”, reclamou ao Estado de Minas, uma fonte do governo.

 

Momento é de cautela

 

A desvalorização do dólar percebida nos últimos 45 dias ainda não anima o turista que pretende viajar para fora do país mas, ainda assim, viagens não têm sido adiadas. Segundo especialistas em turismo e troca de moeda, o brasileiro considera um dólar por volta dos R$ 2 caro para as viagens internacionais. Ainda assim, ele tem gasto bastante no exterior. Pelos dados do Banco Central, em 2012, mesmo com a divisa norte-americana chegando a R$ 2,10 em alguns momentos, a gastança lá fora foi recorde no ano passado, US$ 22,2 bilhões – cifra 4,56% maior que a registrada um ano antes. Ontem, apesar do dólar comercial ter fechado em alta de 0,41%, cotado a R$ 1,966, o dólar turismo terminou em queda de 0,47%, vendido a R$ 2,100.

Esse valor do dólar turismo, porém, é uma média do mercado. Especialistas explicam que cada casa de câmbio e banco trabalha com uma margem de lucro diferente e, por isso, vale a pena pesquisar quando chegar a hora de comprar moeda. "Quando tem uma situação extrema de muita gente vendendo, a corretora compra do próprio cliente, que é um custo mais baixo. Dessa forma, acaba vendendo um pouco mais baixo também", explicou Fernando Bergalo, gerente de câmbio da Tov Corretora. "Os turista compram mais dólares em função de duas coisas: férias e cotação. Por isso o período de maior movimento é sempre em dezembro, janeiro e julho", disse.

Cautela Apesar da queda de 4,22% do dólar no ano, a cotação ainda alta faz com que o turista tenha mais cautela nas compras de dólares. É o caso do aposentado Marcelo Costa, de 37 anos. “É melhor não se desesperar e esperar para ver se o dólar estabiliza antes de sair comprando”, observou. Ele conta que está analisando alguns destinos já há vários meses. Nas pesquisas chegou a ver o custo de uma viagem aos Estados Unidos variar de R$ 6 mil para R$ 4 mil.

A também aposentada Josimary Andrade, 53, considera comprar quantias pequenas em dólar como reserva para a viagem que pretende fazer com o marido em setembro. “Ainda não decidimos o destino, mas acho que talvez valha a pena comprar um pouco, nada em grande quantidade”, afirma. Segundo Bergalo, a melhor opção para quem pode planejar uma viagem com antecedência é começar a adquirir os dólares meses antes da viagem.

“A dica é comprar todo mês um pouco. Dessa forma o cliente não pega a pior cotação, fica com uma boa taxa média”, ensinou. O consumidor deve tomar cuidado com os gastos no cartão de crédito. Em alguns casos, a cotação do plástico é mais baixa do que a da casa de câmbio, porém, a tributação é elevada. Além disso, a cotação do cartão não é da data da compra do bem, mas a do fechamento da fatura.


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