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Estado de Minas

Tendência é de alta do custo de vida nos próximos meses


postado em 18/02/2013 06:00 / atualizado em 18/02/2013 07:22

O custo de vida tende a continuar subindo nos próximos dois a três meses, levado pela aceleração dos preços dos alimentos e dos serviços, para só recuar no fim deste semestre, mas será uma desaceleração muito lenta, conforme alerta o professor Luiz Roberto Cunha, do Instituto de Economia da PUC do Rio de Janeiro, um especialista em inflação. Ele está convencido de que não há como o IPCA convergir para os 4,5% que o Banco Central estabeleceu como centro da meta de inflação para 2013.

O alívio no orçamento doméstico virá dos alimentos a partir de julho, como resultado da boa safra de grãos prevista no país e do freio que o segmento deve ganhar nas cotações no mercado internacional. A intenção anunciada pelo governo brasileiro, de reduzir os impostos sobre a cesta básica, poderá ter influência relativa sobre o índice, avalia Roberto Cunha. Na precificação dos serviços, no entanto, o país vive uma mudança estrutural importante, com o ingresso na formalidade de boa parte da pessoas da classe D, destaca o economista. “Essa classe era prestadora de serviços informais e isso contribuía para conter a inflação. Depois que um conjunto dessas pessoas passou a ter emprego formal, demanda mais serviços. Isso tem um custo para o país”, afirma.


Para o professor Ricardo Reis, da Ufla, o principal instrumento que o governo tem hoje ainda é a política cambial para promover a maior concorrência no mercado interno. “Isso só se faz com a importação mais barata”, diz. A discussão ganhou força desde sexta-feira, em razão de novas declarações do ministro da Fazenda, Guido Mantega, dando conta de que a taxa de juros, e não o câmbio, é que serve de ferramenta para controle da inflação. Reis e o economista Carlos Diniz, da Universidade Federal de Uberlândia, já concordavam que o consumo estimulado pelos juros baixos superou a capacidade de produção de bens e serviços forçando os preços para cima.

Na tentativa de equilibrar o orçamento, consumidores como o marceneiro Sebastião Gonçalves da Silva, de Divinópolis, no Centro-Oeste de Minas, se viram forçados a reduzir as compras. “Parei de comprar alguns produtos porque o salário praticamente continua o mesmo e tudo tem aumentado de preço. Fica mais difícil a cada dia administrar o orçamento”, reclama. A despesa com a cesta básica medida pelo Núcleo de Pesquisas Econômicas da Faculdade de Ciências Contábeis de Divinópolis encareceu 16% no ano passado, ao atingir R$ 245.

O impacto da alta dos preços dos combustíveis, da mesma forma, entrou no radar das preocupações dos consumidores no interior. Pesquisa da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombutíveis (ANP) indicou que o preço médio do litro da gasolina passou dos R$ 3 em Montes Claros (R$ 3,081) e Viçosa (R$ 3,056). Em Uberlândia e Lavras, as cotações esbarraram na marca: R$ 2,971 e R$ 2,968, respectivamente. Nas quatro cidades, os preços superaram a média apurada em BH, de R$ 2,765. A pesquisa foi realizada entre 3 e 9 deste mês. (MV E SL)


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