O governo federal vai continuar "escutando os trabalhadores" para tratar da medida provisória que altera as regras de operação dos portos. A garantia foi dada nesta segunda-feira pelo ministro da Secretaria de Portos, Leônidas Cristino, destacando que o Palácio do Planalto vai seguir apostando no diálogo, apesar do episódio mais cedo no Porto de Santos, onde trabalhadores invadiram um navio chinês em protesto aos planos do governo.
"Esse ponto é isolado, no meu entender", minimizou o ministro, após reunião no Palácio do Planalto para tratar da Medida Provisória 595 com a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, e representantes das confederações nacionais da Agricultura (CNA), do Comércio (CNC) e do Transporte (CNT). "A polícia está acompanhando, a empresa está conversando com os trabalhadores, vamos trabalhar para que isso não tenha nenhum problema. Com diálogo, as coisas caminham com mais velocidade e mais consistência."
Questionado se o governo ia ceder às pressões dos trabalhadores, que temem demissões e perda de direitos, o ministro respondeu: "Existem pontos que nós não podemos mexer. Temos de preservar a essência desse novo modelo. Agora se os trabalhadores tiverem boas ideias que possam melhorar esse novo modelo, é claro que vamos absorver".
O ministro informou que vai se encontrar na quinta-feira com sindicalistas, mesmo dia em que os representantes da categoria se reunirão em assembleia em Brasília e poderão deflagrar greve. "Vamos continuar escutando os trabalhadores porque queremos que essa medida provisória seja transformada em lei no sentido de que a gente possa definitivamente melhorar o sistema portuário nacional", afirmou Cristino.
Na semana passada, Gleisi recebeu o presidente da Força Sindical deputado federal Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), e representantes de federações do setor portuário. Eles afirmam que o modelo criado pelo governo para estimular os investimentos privados no setor portuário é ruim para os trabalhadores e vai quebrar os terminais concedidos pelo antigo modelo de licitações nos portos organizados.
A ministra, entretanto, garantiu na ocasião que nenhum direito dos trabalhadores será prejudicado e que o setor não deve temer a concorrência dos portos privados. "Nesse nova reunião, eles (sindicalistas) vão fazer colocações, dúvidas, problemas que a gente possa resolver", disse.