A conta de transações correntes da zona do euro registrou um forte superávit em 2012, segundo dados ainda provisórios publicados nesta segunda-feira pelo Banco Central Europeu (BCE), devido, segundo os analistas, à forte desaceleração das importações causada pela recessão.
No ano passado, a conta corrente na zona do euro apresentou um superávit de 116,1 bilhões de euros, segundo dados ajustados às variações sazonais, o que significa 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB) da região, contra 8,9 bilhões de euros em 2011.
O balanço das transações correntes é a medida mais ampla das trocas na zona do euro e o restante do mundo, em que são consideradas as trocas de mercadorias, serviços, receitas e transferências financeiras. Os dados são muito voláteis e são objeto de revisões frequentes.
O enorme crescimento do ano passado é explicado, sobretudo, por um forte superávit das balanças de bens e serviços, explicou o BCE em um comunicado. O superávit da balança de bens passou de 5,1 bilhões em 2011 a 107,4 bilhões de euros em 2012 e o dos serviços de 67 a 89,2 bilhões de euros, segundo o BCE.
Por outro lado, o superávit da balança de receitas diminuiu no ano passado, passando a 28,2 bilhões contra 43,6 bilhões de euros em 2011, enquanto o déficit de transações correntes permaneceu praticamente sem mudanças, 108,7 bilhões de euros contra 106,8 bilhões um ano antes.
Para os analistas, estas cifras refletem, sobretudo, os efeitos da recessão que sacudiu a zona do euro no ano passado, em particular os países do sul. "A balança das transações correntes na zona do euro melhorou consideravelmente, mas não é uma grande surpresa. Isso que vemos é porque o déficit das contas correntes se reduziu consideravelmente na Itália, Espanha ou Portugal" devido à desaceleração das importações, disse Rainer Sartoris, analista de HSBC Trinkaus.
Apenas no mês de dezembro, o superávit das contas correntes caiu a 13,9 bilhões contra 15,9 bilhões de euros em novembro. O superávit de bens (13,7 bilhões) e serviços (7,9 milhões), que aumentaram em um mês, foi compensado pelo aumento do déficit das transferências correntes (-8,4 bilhões de euros) e um superávit estreito da balança de receitas, de 600 milhões de euros.