Ontem foram cancelados 236 voos, mas a Iberia conseguiu realocar 85% dos 70 mil passageiros desta semana. A greve de cinco dias que obrigou a companhia a cancelar 415 voos de segunda a sexta-feira, sendo 10% de longa distância e metade domésticos. Pela manhã, em frente ao Aeroporto de Barajas, em Madri, centenas de manifestantes entraram em choque com os cassetetes da polícia, em meio a gritos e buzinaço. Ao menos cinco manifestantes foram presos. Os canais de atendimento aos clientes da Iberia no Brasil informaram apenas que o movimento tinha a adesão de comandantes e copilotos e que o único voo programado ontem no país, às 16h, partindo de São Paulo para a capital espanhola, estava confirmado. A empresa mantém de um a dois voos diários nessa linha, ida e volta, e cinco a seis semanalmente decolando do Rio de Janeiro.
A greve interfere, contudo, a rotina de algumas das outras 120 companhias às quais a Iberia presta serviços de assistência em terra. Entre as programações de companhias estrangeiras mais alteradas está a alemã Lufthansa, que alertou os clientes sobre riscos de irregularidades nos voos de e para Bilbao, entre outras rotas para e de volta da Espanha. A companhia, que em 2011 formou o International Airlines Group com a British Airways, continua deficitária e amargou prejuízo de 262 milhões de euros nos nove primeiros meses de 2012. A greve atual coincide com feriados escolares na Grã-Bretanha, a maior fonte de turistas da Espanha.
O turismo é responsável por 11% da economia da Espanha e um dos poucos setores em crescimento do país em uma recessão prolongada que empurrou o índice de desemprego para acima dos 26%. Como os voos da Iberia só saem de São Paulo, o impacto de greve da companhia sobre os turistas mineiros é baixo, afirma Antônio da Matta, presidente da Associação Brasileira das Agências de Viagens (Abav). “A maioria dos voos para Portugal daqui é feita pela TAM e TAP”, diz Matta.