A inflação deu um refresco no custo de vida, caindo de 0,88% em janeiro para 0,68% em fevereiro. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15), divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é uma prévia da inflação oficial do país. A principal pressão que contribui para a queda do indicador veio da energia elétrica, resultado da política de redução das tarifas do governo federal, que tem como objetivo controlar a alta de preços e estimular a produção.
Uma vez que as contas de energia ficaram 13,45% mais barata na passagem de janeiro para fevereiro, a taxa acumulada do IPCA-15 no ano alcançou 1,57%, e em 12 meses, 6,18%, ainda acima da previsão do ministro da Fazenda, Guido Mantega, que estima taxa de 5,5% em 2013. No caminho inverso, em Belo Horizonte, o IPCA-15 registrou alta de 0,71% em janeiro para 0,87% em fevereiro. A taxa da capital é a segunda maior entre as pesquisadas pelo IBGE, ficando atrás apenas do Recife (1,09%).
Segundo o IBGE, a forte queda da energia elétrica foi reflexo da redução de 18,14% no valor das tarifas em vigor desde 24 de janeiro. O peso na energia elétrica no índice é de 3,32%. O item puxou a queda do grupo habitação, que registrou deflação de 2,17% em fevereiro, apesar da alta do aluguel de 2,26%, e condomínio, de 1,33%. “No primeiro semestre, a inflação deve seguir trajetória de alta, e em junho o percentual acumulado em 12 meses deve se aproximar do teto da meta de 6,5%, mas perdendo força a partir do segundo semestre”, avalia Márcio Salvato, coordenador do curso de economia do Ibmec. Em fevereiro, o grupo alimentação e bebidas registrou alta de 1,45% em janeiro para 1,74% neste mês. De acordo com o IBGE, os problemas climáticos prejudicaram algumas lavouras e houve diminuição da oferta de alimentos com forte aumento de preços de alguns itens como o tomate (31,9%), cebola (15,92%), cenoura (15,36%), hortaliças (11,45%) e batata-inglesa (11%).
Pressionado pelas despesas de início de ano, como uniformes, material escolar e matrículas, o grupo educação também pesou forte no bolso das famílias e avançou de 0,33% em janeiro para 5,49% em fevereiro, sendo a segunda maior contribuição para a formação do índice, com peso de 0,24 ponto percentual. Outras altas significativos no IPCA-15 vieram dos artigos e higiene pessoal (1,71%), eletrodomésticos (1,58%), empregado doméstico (1,12%) e automóvel novo (0,90%).
Juros estáveis
A economista da Tendências Consultoria Alessandra Ribeiro aponta um cenário de inflação ao consumidor menos pressionada em fevereiro, em especial pelos impactos da redução da tarifa de energia elétrica. Mas ainda assim, ela considera que a dinâmica de formação de preços é ruim, com o acumulado em 12 meses do IPCA-15 chegando a 6,18%. “A divulgação traz viés de alta para a nossa projeção de fevereiro, que atualmente está em 0,33%.”
Com a tendência de inflação dentro da meta, a expectativa é de estabilidade para a taxa de juros. “A princípio, o Banco Central não deve realizar grandes intervenções para controlar a inflação. Assim, a taxa de juros a curto prazo deve ser manter estável”, avalia Salvato.