A despeito da forte queda do lucro líquido da mineradora Vale no ano passado – R$ 9,7 bilhões, uma redução de 74,3% frente a 2011 –, a companhia teve um bom desempenho operacional, com recordes na produção de carvão, pelotas de ferro e rochas fosfáticas. O resultado do segmento do minério de ferro, principal negócio da empresa, no quarto trimestre de 2012 representou marca histórica para o período, com 85,5 milhões de toneladas. No ano, foram 320 milhões de toneladas, sendo dois terços desse total garantidos pelas reservas de Minas Gerais, performance que o estado já vinha mantendo.
A maior contribuição mineira em 2012, de 115,6 milhões de toneladas, foi dada pelos complexos da Vale na Região Central do estado, envolvendo Itabira, Mariana e Minas Centrais, que compreende as jazidas de Brucutu, em São Gonçalo do Rio Abaixo; Gongo Soco, em Barão de Cocais; e Água Limpa, em Rio Piracicaba. Outros 80,3 milhões de toneladas saíram dos complexos de Vargem Grande, em Nova Lima, na Grande BH; Paraopeba, que se estende por Nova Lima e Brumadinho; e Minas Itabirito, que engloba as reservas do Pico, de Itabirito, e Fábrica, em Congonhas e Ouro Preto. Foi o melhor volume desde 2008. Com a participação da Samarco Mineração, que tem o seu capital compartilhado entre a Vale e a BHP Billiton, o volume global do estado alcançou 206,8 milhões de toneladas.
Os investimentos orçados para este ano somam US$ 16,3 bilhões em todas atividades da companhia, que ainda não detalhou os recursos por estado. Em 2012, Minas Gerais recebeu US$ 10,5 bilhões na execução de projetos, pesquisa e desenvolvimento e na manutenção das operações existentes, montante que representou 59,3% do total de US$ 17,7 bilhões. O desembolso efetivo ficou abaixo dos valores aprovados pela mineradora, de US$ 21,4 bilhões, em razão da estratégia adotada pela Vale de restringir e selecionar os projetos com base na rentabilidade deles.
O presidente da companhia, Murilo Ferreira, afirmou em entrevista na quarta-feira que essa política permanece. “Queremos trabalhar com um número muito menor de projetos, mas com classe mundial”, disse o executivo, em referência àqueles empreendimentos que fazem parte dos principais negócios e que têm capacidade de dar mais retorno aos acionistas. Em Minas, a empresa prevê investir US$ 1,229 bilhão neste ano para repor e aumentar a produção e melhorar a qualidade do minério de ferro produzido nos complexos de Itabira e Nova Lima. Em Itabira, berço das operações da Vale, são três projetos, incluindo uma nova usina na mina de Conceição. Os investimentos permitirão à mineradora manter a produção na casa dos 40 a 45 milhões de toneladas anuais para os próximos 50 anos.
Anglo-American
A mineradora Anglo-American começa a contratar hoje trabalhadores treinados em Minas para as operações do Projeto Minas-Rio, de exploração de minério de ferro, que tem data prevista de funcionamento no segundo semestre de 2014. Os primeiros admitidos são 102 profissionais formados no 1º ciclo de cursos de capacitação oferecidos pela empresa em Conceição do Mato Dentro, na Região Central, onde ficará a maior parte das atividades. A segunda etapa do treinamento começou em janeiro, e o terceiro ciclo está marcado para 15 de abril.